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por JQ, em 24.03.14

 

Muse'ic Visualiser, Salyu x Salyu, produção de Cornelius, em 2011 (uma evidência mais, a somar a demasiadas, de como simples imagens contêm em si o desgraçado poder de serem mais nítidas do que a "realidade", quer em monitores quer noutros meios de expressão: nas palavras abaixo, p.ex.)

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por JQ, em 24.03.14

Ambos adeptos de vistas, orelhas, bandas largas

Daí a nossa escolha por últimos andares. Tu

Porque nascida além Tejo; eu, no sufoco vão

Da minhota ânsia por horizontes mais vastos

 

Tanto como agora, cento e quarenta caracteres

Nesse tempo não me bastavam para escrever

E sobravam-me no falar: tangente à perfeita

Antítese de ti, do teu cuidado com números

 

Seis, sete ou mais? Já nem sei quantos anos

Quantas vezes, amarelo vivo, sobre nós rodou

Esse satélite a que chamam Sol num povoado

Meio cinza, de Varzim nomeado, num acaso

 

Duplex, uma renda pechincha, lembras-te?

Um discretíssimo "aluga-se" num andar recuado

Apenas visível para gaivotas como tu, clientes

Do consultório defronte, onde apenas tu poderias

 

Nessa tua distracção aparente, nalgo raro atentar

E do senhorio, o que dizer dele? Um riquinho da

Foz do Porto, talvez arquitecto, parecia não

Precisar da renda. Reconhecimento? Talvez

 

Apenas pela sua intervenção naquela casa

Isso demos-lhe de imediato. Tanto era óbvio

Na sua carência de apreço alheio, achou-nos graça

Talvez, mas o que raio, no seu fundo, terá pensado

 

O riquinho de nós? De ti, da altura da tua elegância,

Ambas raras em mulheres lusas? E de mim, poste banal

Aspecto geral tão bronco quanto o meu discurso aparente?

“Talvez este par de pombos mereça uma renda baixa”

 

Terá pensado o riquinho. Mas o que todos pensamos

De pouco agora interessa. De que importa o nosso,

Ou o pensar alheio, quando já não moços? Estilhaços

Do que ficou, ou já nem isso?, enquanto por cá

 

Cá por dentro, persistem ainda dois terraços

Um deles com vista para o mar, imenso

Um corredor com curvas e contracurvas

Sem fim, minúsculas surpresas arquitectónicas

 

Seis quartos e salas, arrecadações bastantes

Para trinta e sete japoneses. Éramos dois

Nunca precisamos de tanto, e já então

Os teus objectos de uma estranha simplicidade

 

Preenchiam o desadorno das minhas paredes

Ocorriam zangas e cada um ocupava um só andar

Cruzávamos olhares tímidos no tijolo da cozinha

E, uns dias após, tudo amainava. Janelas imensas

 

Permitiam a entrada do sol, a solvência do litígio

O acordo possível num esconso recanto da memória

Vemo-nos, agora menos, subvivos num flat mais twitter

Trabalhas demasiado, nesta mais densa, mais cara, dissolvente

 

Lisboa. Tu, mais perto do Tempo, não prescindes do sms

Um após o outro, enquanto eu, qual africano, retido

Permaneço nas fronteiras da UE, da PT, da ZON ou TMN

Nada OPTIMUS entre acrónimos tantos que nada me dizem

 

Detido permaneço, repito-me no HTML deste blog

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por JQ, em 20.03.14

Lápis de cera no verso de fotocópia de "Cultura Inglesa", 198? + Invisible Dog, Electrelane, 2001

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Um cão chamado blog

por JQ, em 20.03.14

Amua e gane, de alegria ou protesto ladra, luta, tropeça em fantasmas, derruba-se, ergue-se do tapete, e desata numa correria em círculos atrás da própria cauda: tem sido assim este blog. Nesse sentido, não difere muito de um animal de estimação. O seu dono, no entanto, não nutre qualquer estima em ser dono de ninguém. Ultimamente, nem se dá ao trabalho de alimentá-lo como dantes. Por vezes, até compra refeições embaladas por outros, para que o cibernético animal possa entreter o estômago e as vistas durante a semana. Conta-lhe a verdade possível, ao recitar-lhe excertos de “How We Became Post-Human”, de N. Katherine Hayles, e, logo após, mente descaradamente, ao dizer-lhe que tudo, que a qualidade da comida vai melhorar, que não vai ausentar-se mais do que um par de dias por semana, e por aí fora. Nessas promessas, contudo, o animal fareja sinais de abandono e gane, e amua, enroscando-se depois, demasiado quieto, num recanto virtual que, cada vez mais, confundindo se vai com a metáfora de um tapete.

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por JQ, em 19.03.14

giz de alfaiate sobre cartolina, 198?

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por JQ, em 19.03.14

Parece que existem muitas pessoas que simplesmente

procuram  uma única resposta, seja ela qual for, assim

evitando o fardo de manter, em simultâneo na sua mente,

duas hipóteses que aparentam excluir-se mutuamente.

 

Carl Sagan, Brocas’s Brain, 1979

 

 

Cão não tenho, mas se tivesse mudar-lhe-ia frequentemente o nome, só porque li algures, numa fonte para mim ainda fidedigna (cf. qualquer livro do autor da epígrafe), que as dúvidas sobre a própria identidade, sob o contrapeso de algum bom-senso, propiciam uma espécie de adubo na percepção deste mundo, da consciência de si e, daí, da noção do Outro.

 

Falo de cães, de um canídeo hipotético. Por exemplo, nuns dias chamar-lhe-ia Bobby, como metade das ruidosas feras que me assustavam na infância. Noutros, em que veros instintos de malvadez me levassem a recitar-lhe versos gauleses, talvez Thierry. Piruças seria outra possibilidade, para quando o chamado melhor amigo do homem desatasse a perseguir a própria cauda. Noutros, ainda, rendido à inevitabilidade de um cão quase nunca conseguir igualar a elegância de um felídeo, dir-lhe-ia:   

 

- Sabes, Brutus? Lembro-me de, ainda jovem, ter lido uma epígrafe em “Brocas’s Brain”, de Carl Sagan (definitivamente, um dos seres simultaneamente mais humanos e mais sábios que viveu no passado século), segundo a qual Einstein terá dito numa entrevista: “O destino, para me castigar pelo meu desprezo pela autoridade, transformou-me numa autoridade”. Isto serviria perfeitamente para uma analogia parva, do género: O destino, para castigar o meu menosprezo pelos cães, levou-me a ter um blog, onde posso ladrar e morder as canelas do mundo, quando bem me apetece. Mas não é por aí, ladrando, que quero ir.

 

Ressalvando os imensos anos-sombra que me separam do saber de Einstein, também eu me sinto vítima – não do destino, vá de retro! –, mas de mim mesmo. Também eu, que sempre acreditei que alguma conflitualidade entre classes e, esporadicamente, entre indivíduos e dentro de cada um, poderia ser benéfica para o bem comum, dou por mim a ser pago para dirimir contendas. E dirimir até soa bem, mas é pouco útil num tempo que nos empurra para dentro de cercas, para rebanhos, mesmo de ovelhas por dentro já tresmalhadas, que se mantêm próximas apenas por inércia, ausência de alternativas ou desejo surdo de um abanão redentor.

 

- Béu! – ladrou Brutus.

- Béu, Bobby?! Ça veut dire quoi, Thierry? Adiante, Piruças. Um dia destes, Brutus, vi-me a servir de pêndulo entre um sujeito da minha idade – aspecto bem mais distinto: écharpe por dentro do colarinho, ar e sapatos reluzentes, ilustrados com um par de berloques pimba – e um reformado, com sessenta e muitos anos, demasiado magro, pijama coçado, olhar, voz e outros espelhos de uma derrota evidente: T0 de renda camarária, atafulhado de nada, num vazio desarrumo condizente com o exílio num dos bairros sociais mais degradados de Lisboa. O seu único pecado vísivel? Ter sido fiador de um filho ausente em parte incerta.

 

No caminho até lá, fui sondando o temperamento sócio-político do primeiro, o distinto senhor com écharpe em volta do pescoço. Evitando, sem êxito, qualquer preconceito estético diante de tal indício de militante mau gosto, concluí o seu retrato ao ouvir dele: “Considero-me neoliberal e católico”. “Ah, bom”, respondi, calando o comentário: “Chiça! Haverá duas crenças mais incompatíveis?”. Adiante.

 

Já no local, no tal T0 absolutamente miserável, depois de assistir às suas insensatas tentativas de pressionar quem nada tinha a dar o que absolutamente não existia, acabei por perguntar-lhe: ”Você vai à missa ao Domingo, não vai?”. Apesar da écharpe pimba em torno da sua alma difusa, a pequena hiena esboçou um sorriso envergonhado, demonstrando alguma inteligência, esquecendo, por um momento, a sua condição de serviçal dos algozes que vão empobrecendo milhões por esse mundo fora. 

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por JQ, em 11.03.14

 

Vacuum, Christian Fennesz, 2008

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por JQ, em 11.03.14

Poucos seres terão sido tão impregnados, perfurados até ao seu cerne, pela convicção da absoluta futilidade das aspirações humanas. O universo mais não é que um arranjo furtivo de partículas elementares. Uma figura em transição para o caos. Isso é o que prevalecerá no final. A raça humana desaparecerá. Outras raças surgirão e desaparecerão. Os céus serão glaciais e vazios, atravessados pela luz fraca de estrelas moribundas. Estas também desaparecerão. Tudo desaparecerá. E as acções humanas são tão livres e desprovidas de significado como os movimentos soltos das partículas elementares. Bem, mal, moral, sentimentos? Puras “ficções vitorianas”. Tudo o que existe é egoísmo. Frio, intacto e radiante.

 

Por um lado, Houellebecq diz isto (em "H.P. Lovecraft, contre le monde, contre la vie", 1991) e um homem aborrece-se, visto há muito saber que o mundo das coisas é mesmo assim e de nada adianta repeti-lo, visto não esquecer inúmeras obras e até pequeníssimas acções humanas, que ao longo do tempo foram criando alguma redenção entre o caos aparente. Por outro lado, meio ao acaso, meio curioso sobre o pessimista francês, vai de seguida à wikipedia e solta uma risada ao encontrar depressão e poesia na mesma frase. Esta, já de si divertida de tão redutora, de tão peremptória:  

 

Houellebecq licenciou-se em Agronomia em 1980, casou-se e teve um filho; depois divorciou-se, ficou deprimido e dedicou-se a escrever poesia [. . .]

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por JQ, em 09.03.14

Les Mots, Wordsong, em 2002, a partir de Le Plus Grand Calligraphe, de Al Berto

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por JQ, em 09.03.14

À force de les voir

Il y a des mots qui vous rendraient malades

Des mots connus mais très dangereux à manier

Sauf si on les entoure de musique

On met bien du sucre autour de amandes amères

Des mots comme sable, herbe

Comme soleil, comme étendus côte à côte

Comme peau dorée, comme cheveux blonds

Comme dents brillantes et lèvres sales

Et puis d'autre mots, encore plus dangereux

"Personne à l'horizon, on peut y aller"

Et les plus dangereux de tous:

"C'est encore meilleur la cinquième fois."

Heureusement, des tripotées de vieux zingues

Fabriquent de la phénoménologie à tire-larigot

Et vous balancent des bombes atomiques par le travers de la gueule...

Je m'excuse... le souffle de l'inspiration...

C'est pas tous les jours que la muse vous visite.

 

 

À force de les voir, Boris Vian, 1949

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Sobre nuvens

por JQ, em 06.03.14

There are no others, there is only us, Marc Silver & Ben Frost, 2009

 

 

Cloudbusting, Kate Bush, 1985

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por JQ, em 05.03.14

Hesitando uma vez por outra, o guardador de nuvens não se exilou de si mesmo. A bem dizer, raramente atingiu tal feito difícil, mesmo sabendo, há longas décadas, que poucos, quase nunca, se deram ao trabalho de procurar no céu, na terra e na carne, paisagens próximas do seu desejo. Apenas mudou de poiso (oh, esta resiliente saudade da luz e das cores da foz do Tejo!), após tê-lo registado de todos os modos e feitios mais e menos gráficos. Reside agora mais abaixo, mais perto do solo, ainda pairando sobre o Tejo. O seu relógio já não é bem solar – é cada vez mais só o apenas “seu” -, sendo menor o céu disponível, bem mais poupado de nuvens. Nunca pior, já que as prévias não lhe serviram de grande consolo, relembrando já não as primevas, antes do surgimento da primeira penugem ou dos primeiros pêlos grisalhos nas barbas da sua consciência; ainda menos as do início da adulta idade, quando se convenceu que não valia a pena tentar convencer absolutamente ninguém fosse do que fosse sobre si próprio. Para consegui-lo, teria de prostituir as suas convicções em troca do reconhecimento alheio. Tudo isso lhe soava, e ainda soa, perfeitamente indecente, tão obsceno quanto viver num universo em cujo boletim de inscrição consta a obrigação de participar numa qualquer cadeia alimentar. Assim se foi afastando de todos os rebanhos. Prematuramente, talvez, passou a desconfiar de quase tudo e, ainda mais, da linguagem telemediática cada vez mais utilizada por tantos que, mesmo não trabalhando nessa paisagem apenas intermédia, não criam absolutamente nada; apenas reproduzem modas e, entre elas, o duvidoso credo da meia dúzia de agências multinacionais do negócio das notícias. Já não adianta culpá-lo – ao pastor, por apenas guardar nuvens. Mantendo ainda alguma noção de culpa, que o previne de se tornar um filho da puta como tantos outros, a sua noção de erro moral foi evoluindo, mas não muito. Olhando para trás, desde o seu início mais não quis senão esse simples pastoreio… de nuvens, repito, ainda que por inércia repetindo vou, diante de tantos ao chão demasiado rentes.

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Alguns riscos


Indícios?, por demais

um tremendo cansaço

de coisas feias, e daí

sons, diversos traços

caracteres alguns

de um rasto só


Algum tempo:


2017 Janeiro 2016 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro ; 2015 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro ; 2014 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro; 2013 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro; 2012 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho


Junho 2006/Junho 2012

(arquivos não acessíveis

via Google Chrome)


Algumas pessoas:


T ; José Carvalho da Costa, Francisco Q ; Alcino V, Vitor P ; José Carlos T, Fernando C, Eduardo F ; Paulo V, "Suf", Zé Manel, Miguel D, S, Isabel, Nancy ; Zé T, Marcelo, Faria, Eliana ; Isabel ; Ana C ; Paula, Carlos, Luís, Pedro, Sofia, Pli ; Miguel B ; professores Manuel João, Rogério, Fátima Marinho, Carlos Reis, Isabel Almeida, Paula Morão, Ivo Castro, Rita Veloso, Diana Almeida


Outros que, no exacto antípoda dos anteriores, despertam o pior de mim:


Demasiados. Não cabem aqui. É tudo gente discursivamente feia. Acendendo a TV ou ouvindo quem fora dela reproduz agendas mediáticas, entre o vómito e o tédio a lista tornar-se-ia insuportavelmente longa.


Uma chave, mais um chavão? A cultura popular do início deste séc. XXI fede !


joseqcarvalho@sapo.pt


Alguns nomes:


José Afonso ; 13th Floor Elevators, The Monks, The Sonics, The Doors, Jimi Hendrix, The Stooges, Velvet Underground, Love / Arthur Lee, Pink Floyd (1967-1972), Can, Soft Machine, King Crimson, Roxy Music; Nick Drake, Lou Reed, John Cale, Neil Young, Joni Mitchell, Led Zeppelin, Frank Zappa ; Lincoln Chase, Curtis Mayfield, Sly & The Family Stone ; The Clash, Joy Division, The Fall, Echo & The Bunnymen ; Ramones, Pere Ubu, Talking Heads, The Gun Club, Sonic Youth, Pixies, Radiohead, Tindersticks, Divine Comedy, Cornelius, Portishead, Beirut, Yo La Tengo, The Magnetic Fields, Smog / Bill Callahan, Lambchop, Califone, My Brightest Diamond, Tuneyards ; Arthur Russell, David Sylvian, Brian Eno, Scott Walker, Tom Zé, Nick Cave ; The Lounge Lizards / John Lurie, Blurt / Ted Milton, Bill Evans, Chet Baker, John Coltrane, Jimmy Smith ; Linton Kwesi Johnson, Lee "Scratch" Perry ; Jacques Brel, Tom Waits, Amália Rodrigues ; Nils Frahm, Peter Broderick, Greg Haines, Hauschka ; Franz Schubert, Franz Liszt, Eric Satie, Igor Stravinsky, György Ligeti ; Boris Berezovsky, Gina Bachauer, Ivo Pogorelich, Jascha Heifetz, David Oistrakh, Daniil Trifonov


Outros nomes:


Agustina Bessa Luís, Anna Akhmatova, António Franco Alexandre, Armando Silva Carvalho, Bob Dylan, Boris Vian, Carl Sagan, Cole Porter, Daniil Kharms, Evgeni Evtuchenko, Fernando Pessoa, George Steiner, Gonçalo M. Tavares, Guy Debord, Hans Magnus Enzensberger, Harold Bloom, Heiner Müller, João MIguel Fernandes Jorge, John Mateer, John McDowell, Jorge de Sena, José Afonso, Jürgen Habermas, Kevin Davies, Kurt Vonnegut Jr., Lêdo Ivo, Leonard Cohen, Luís de Camões, Luís Quintais, Marcel Proust, Marina Tzvietaieva, Mário Cesariny, Noam Chomsky, Ossip Mandelstam, Ray Brassier, Raymond Williams, Roland Barthes, Sá de Miranda, Safo, Sergei Yessinin, Shakespeare, Sofia M. B. Andresen, Ted Benton, Vitorino Nemésio, Vladimir Maiakovski, Wallace Stevens, Walter Benjamin, W.H. Auden, Wislawa Szymborska, Zbigniew Herbert, Zygmunt Bauman


Algum som & imagem:


Avec élégance

Crazy clown time

Danse infernale

Dark waters

Der himmel über berlin

Forever dolphin love

For Nam June Paik

Gridlocks

Happy ending

Lilac Wine

L'heure exquise

LoopLoop

Materials

Megalomania

Metachaos

Nascent

Orphée

Sailing days

Soliloquy about...

Solipsist

Sorry, I'm late

Submerged

Surface

Their Lullaby

The raw shark texts

Urban abstract

Unter