Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



por JQ, em 31.07.14

 

Quartet for the end of time, Olivier Messiaien

Autoria e outros dados (tags, etc)

por JQ, em 31.07.14

 

Na noite em que cheguei, destroçado

ao bar do costume

e contei a morte da minha amada

no dia anterior

estavam lá os três:

 

Ugur, que saiu para comprar flores

e me pediu para as levar

quando voltasse

ao lugar onde aquilo tinha acontecido

 

Asaf, que me deu mais tarde um desenho

 

e Behçet, o psiquiatra,

que se ofereceu para me ajudar

em relação à chamada “dor”.

 

Por acaso estavam de facto lá

nessa noite esses três

que dois anos mais tarde foram mortos

queimados em nome de Deus

por uma multidão de fanáticos.

 

As rosas secas

estão no porta-bagagens do meu carro

o desenho de Asaf

amarelece numa moldura na parede.

 

Quanto à dor

surpreende-me ter aprendido

essa palavra

há tantos anos

quando o que mais me atormentava

era o tédio.

 

 

Ugur, Asaf, Behçet, Henrik Nordbrandt, 1995

(em “Aqueles Que Têm Os Ossos Frágeis, nº 2”, 1999)

Autoria e outros dados (tags, etc)

por JQ, em 29.07.14

gifs de autor desconhecido

Autoria e outros dados (tags, etc)

por JQ, em 29.07.14

On that gusting day of the inauguration of the young emperor [J.F. Kennedy], the sublime Augustan moment of a country that was not just a republic but also an empire, no more a homespun vision of pioneer values but a world power, no figure was more suited to the ceremony than Robert Frost. He had composed a poem for the occasion, but he could not read it in the glare and the wind, so instead he recited one that many had heard and perhaps learned by heart.

 

"The land was ours before we were the land's.
She was our land more than a hundred years
Before we were her people."

 

This was the calm reassurance of American destiny that provoked Tonto's response to the Lone Ranger. No slavery, no colonization of Native Americans, a process of dispossession and then possession, but nothing about the dispossession of others that this destiny demanded. The choice of poem was not visionary so much as defensive. A Navajo hymn might have been more appropriate: the "ours" and the "we" of Frost were not as ample and multihued as Whitman's tapestry, but something as tight and regional as a Grandma Moses painting, a Currier and Ives print, strictly New England in black and white.

 

 

excerto de "The Road Taken", ensaio de Derek Walcott (uma terça parte de "Hommage to Robert Frost", de Joseph Brodsky, Seamus Heaney, e do citado Walcott, 1996)

Autoria e outros dados (tags, etc)

por JQ, em 26.07.14

Um par de prendas, Dezembro 2013

 

I took a trip (on a Gemini spacheship), The Legendary Stardust Cowboy

Autoria e outros dados (tags, etc)

por JQ, em 24.07.14

 

Quem dispara mais rápido do que a sombra? Quem sobe paredes como uma aranha? Quem caiu no caldeirão, hã, quando era mais pequeno? Quem tem o martelo de Asgard, tu? Quem tem um Batmobile? Quem tem uma caixa forte onde guarda a moeda nº 1? Quem voa por todo o universo? Quem tem o corpo de borracha? Quem tem uma plantação de amendoins, que o transforma em super-herói? Não esperes encontrar um velho de barbas sentado numa nuvem. Não esperes pelos extraterrestres. Não esperes satisfazer os teus desejos com nenhuma lâmpada de Aladino. Entra na clandestinidade. Quem tem um cão chamado Milú, tu? Quem tem um Marsupilami? Quem tem um cavalo chamado Silver e um índio chamado Tonto?

 

Clandestinidade (Corpo Diplomático, 1979)

Autoria e outros dados (tags, etc)

por JQ, em 24.07.14

 Tudo por demais anacrónico: letra de música demasiado pop sobre excerto de desenho meu sobre gramática de Alemão, e no entanto...

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por JQ, em 24.07.14

 

I must be careful now in my steps / Years of calculations and the stress / My science is waiting / nearly complete / One glass will last for nearly a week // Let me not get down from walking with no one / And if I stumble from exhaustion / These buckets are heavy, I fill them with water / I could ask these people, but I shouldn’t bother // Oh no, I’ve stumbled, was I going too fast? / Some get angry, some of them laugh / They told me I wouldn’t, but I found an answer / I’m Van Occupanther! // Let me not be too consumed with this world / Sometimes I want to go home / and stay out of sight for a long time

 

 

Van Occupanther, Midlake, 2006

Autoria e outros dados (tags, etc)

por JQ, em 21.07.14
 

excerto de "Stardust Memories" (Allen, Woody, 1980) 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por JQ, em 20.07.14

 

Oh, que desgraça

mais versos sobre o início do mundo

(lamento?, é só o meu…)

Semana bem estranha

esta, do lado de fora

e aqui por dentro, também

O contínuo afastamento

de todas as órbitas demasiado percorridas

retido

Neste universo coberto de látex

(repito-o para ver se se rasga

Se dele nasce algo de novo)

claro que não, a sombra de um talvez apenas, mas

Nenhum dito, escrito, desenhado, pintado ou fotografado por mim

(agora me soa verdade...)

Foi mais gentil comigo do que eu

Traduziu Sagan num solarengo dia

«Estar siderado» significava no étimo

«sentir-se influenciado pelas estrelas»

Não faço a menor ideia disso

(a sério que não)

Quanto mais me aproximo do túnel

em cujo final

renascidos (?!)

Juram ter avistado uma luz branca

(redentora?!)

Enquanto o breu mais se abruma

Neste planeta

onde Sagan, tantos outros e agora um desgraçado Tyson

No seu discurso demasiado simplista

(para adolescentes retardados?!)

Entre a necessária colisão das partículas do mundo

para que

Entre o caos aparente e inevitáveis ruínas

presentes na natureza animal, humana e planetária

Surgindo fosse algo de novo

(uma réstea de beleza, subjacente a quase toda a criação?)

Mesmo que da derrota vizinho

empático hipócrita, diante da melhor

(parteno?)génese donde surgimos

O vislumbre apenas

de vodus idiotas para modernos aztecas

para Mayas, caramba!

E tantos outros “gurus dos actuais

Karambas”, de absolutos disparates

Diariamente debitados

 durante o televisivo mambo-jambo

Não me considero

(tento não me desconsiderar)

 

Organizo eventos apenas meus

alheios de sortes mais públicas

Espaços, no seu mínimo, viznhos

entre exterior e interior

(azar o meu, decerto)

Ao lado, em cima como em baixo

Pouco mais do que absoluto breu

O sonho de ser astronauta? Sim, sendo fui

(banal com demasiada frequência)

Pura condescendência, o mais das vezes

(abandonei-o, ao sonho, bem cedo

Quando, algo tardias, me surgiram penugens na púbis

na face e na consciência de mim)

 

Subindo por essa escadaria –

(genética, etária… a do sucesso pessoal, não é?) –

Ficando se vai cada vez menos capaz de emitir surpresas

ou de reconhecer novidades.

Daí que

(isto não passa de posologia para mais ninguém senão eu)

Antes persistir, sempre de passagem

nesta cruz, comum com gente de carne e osso

Ainda com vísceras, se possíveis

Aí já cheguei, suponho

 

No máximo de tempo livre possível

preso ao tempo conseguindo fui muito pouco

Escalar nunca foi vocação

acima das nuvens, talvez

acima da estratosfera, suponho

É certa para mim

a existência de um breu medonho.

 

Ao contrário do que se pensa

não é pela lonjura

nem pelas limitações tecnológicas que

O espaço sideral é pouco frequentado

antes por lá haver muito pouco que valha a pena

 

Bués de matéria negra e pouco mais

Satélites, um exagero de satélites cuscos, e calhaus

Demasiados calhaus convencidos de que

Oh de que

Todos podemos ser astros

 

Sabem que mais?

(dissequem formigas, questionem neutrões e pouco encontrarão)

Pouco somos

pouco sempre mais fomos

pouco mais seremos?

talvez ainda menos do que

Heróis, quase nunca

prévios à heroína

quase não mais

do que apenas

Autoria e outros dados (tags, etc)

Sobre o "Big Bang", uma teoria em *.jpg, comentada em *.flv

por JQ, em 19.07.14

 

 

 

Lençol a secar sobre grades (quintal materno, Dezembro 2013) + dois excertos da televisiva série "The Big Bang Theory"

Autoria e outros dados (tags, etc)

por JQ, em 19.07.14

 

Na-Arean estava só no espaço

Como uma nuvem que flutua no nada

Não dormia pois não existia o sono

Não sentia fome porque ainda não havia fome

Assim permaneceu durante longo tempo

Até lhe ocorrer um pensamento

Disse para si próprio

Vou fazer uma coisa

 

 

Lenda da ilha Maiana (arquipélago Kiribati, Oceano Pacífico),

que pretendia descrever a criação do Mundo

(numa epígrafe de Cosmos, Carl Sagan, 1980)

 

 

---º---

 

 

Após Anu ter criado o Céu

E o Céu ter criado a Terra

E a Terra ter criado os rios

E os rios terem criado os canais

E os canais terem criado o pântano

E o pântano ter criado o verme,

O verme apresentou-se a Shamash

Chorando lágrimas caídas diante Ea:

“O que me darás para comer e beber?”

“Dar-te-ei o figo seco e o damasco”

“E o que farei eu com o figo seco e o damasco?”

“Ergue-me e entre dentes e gengivas deixa-me habitar”

“Porque disseste isso, ó verme?

Que Ea te destrua com a força da sua mão!”

 

 

Fórmula mágica contra o verme que os Assírios, c. 1000 a.C.,

julgavam causar a dor de dentes (in Cosmos, Carl Sagan, 1980)

 

 

---º---

 

  

Há uma coisa de forma confusa, nascida antes do Céu e da Terra

Silenciosa e vazia, está só e nunca muda

Gira e não se cansa - talvez seja a Mãe do Mundo

Ao certo, não sei qual o seu nome

Por isso, chamo-lhe O Caminho - a título provisório, O Grande

Sendo grande, pode dizer-se que está a recuar

Recuando, pode dizer-se que é longínquo

Sendo longínquo, pode dizer-se que está a regressar

 

 

excerto de Tao Te Ching, Lao-Tzu, c. 600 a.C.

(numa epígrafe de Cosmos, Carl Sagan, 1980)

 

 

---º---

 

 

Um viajante ocidental encontra um filósofo oriental e pede-lhe que descreva a natureza do mundo:

- É uma grande bola descansando na casca da tartaruga do mundo.

- Mas onde se apoia a tartaruga do mundo?

- Nas costas de uma tartaruga ainda maior.

- E essa, onde se apoia?

- É uma pergunta muito pertinente, mas não vale a pena. Há tartarugas em toda a parte.

 

 

excerto de Broca’s Brain, Carl Sagan, 1979

 

 

---º---

 

 

Kepler publicou, em 1606, um livro chamado “De Stella Nova” (Da Nova Estrela), onde divaga sobre a possibilidade de uma supernova resultar da concatenação fortuita de átomos nos céus. A certa altura, apresenta o que diz ser “não a minha opinião, mas a da minha mulher: ontem, cansado de escrever, fui chamado para jantar uma salada que lhe tinha pedido. Parece, disse eu, que se os pratos de estanho, folhas de alface, grãos de sal, gotas de água, vinagre, azeite e rodelas de ovo andassem a voar pelo ar por toda a eternidade, poderia finalmente acontecer, por acaso, que se transformassem numa salada. Sim, respondeu a minha querida mulher, mas não tão boa como esta que eu fiz.”

 

 

num rodapé de Cosmos, Carl Sagan, 1980

Autoria e outros dados (tags, etc)

Pág. 1/3



Alguns riscos


Indícios?, por demais

um tremendo cansaço

de coisas feias, e daí

sons, diversos traços

caracteres alguns

de um rasto só


Algum tempo:


2017 Janeiro 2016 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro ; 2015 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro ; 2014 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro; 2013 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro; 2012 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho


Junho 2006/Junho 2012

(arquivos não acessíveis

via Google Chrome)


Algumas pessoas:


T ; José Carvalho da Costa, Francisco Q ; Alcino V, Vitor P ; José Carlos T, Fernando C, Eduardo F ; Paulo V, "Suf", Zé Manel, Miguel D, S, Isabel, Nancy ; Zé T, Marcelo, Faria, Eliana ; Isabel ; Ana C ; Paula, Carlos, Luís, Pedro, Sofia, Pli ; Miguel B ; professores Manuel João, Rogério, Fátima Marinho, Carlos Reis, Isabel Almeida, Paula Morão, Ivo Castro, Rita Veloso, Diana Almeida


Outros que, no exacto antípoda dos anteriores, despertam o pior de mim:


Demasiados. Não cabem aqui. É tudo gente discursivamente feia. Acendendo a TV ou ouvindo quem fora dela reproduz agendas mediáticas, entre o vómito e o tédio a lista tornar-se-ia insuportavelmente longa.


Uma chave, mais um chavão? A cultura popular do início deste séc. XXI fede !


joseqcarvalho@sapo.pt


Alguns nomes:


José Afonso ; 13th Floor Elevators, The Monks, The Sonics, The Doors, Jimi Hendrix, The Stooges, Velvet Underground, Love / Arthur Lee, Pink Floyd (1967-1972), Can, Soft Machine, King Crimson, Roxy Music; Nick Drake, Lou Reed, John Cale, Neil Young, Joni Mitchell, Led Zeppelin, Frank Zappa ; Lincoln Chase, Curtis Mayfield, Sly & The Family Stone ; The Clash, Joy Division, The Fall, Echo & The Bunnymen ; Ramones, Pere Ubu, Talking Heads, The Gun Club, Sonic Youth, Pixies, Radiohead, Tindersticks, Divine Comedy, Cornelius, Portishead, Beirut, Yo La Tengo, The Magnetic Fields, Smog / Bill Callahan, Lambchop, Califone, My Brightest Diamond, Tuneyards ; Arthur Russell, David Sylvian, Brian Eno, Scott Walker, Tom Zé, Nick Cave ; The Lounge Lizards / John Lurie, Blurt / Ted Milton, Bill Evans, Chet Baker, John Coltrane, Jimmy Smith ; Linton Kwesi Johnson, Lee "Scratch" Perry ; Jacques Brel, Tom Waits, Amália Rodrigues ; Nils Frahm, Peter Broderick, Greg Haines, Hauschka ; Franz Schubert, Franz Liszt, Eric Satie, Igor Stravinsky, György Ligeti ; Boris Berezovsky, Gina Bachauer, Ivo Pogorelich, Jascha Heifetz, David Oistrakh, Daniil Trifonov


Outros nomes:


Agustina Bessa Luís, Anna Akhmatova, António Franco Alexandre, Armando Silva Carvalho, Bob Dylan, Boris Vian, Carl Sagan, Cole Porter, Daniil Kharms, Evgeni Evtuchenko, Fernando Pessoa, George Steiner, Gonçalo M. Tavares, Guy Debord, Hans Magnus Enzensberger, Harold Bloom, Heiner Müller, João MIguel Fernandes Jorge, John Mateer, John McDowell, Jorge de Sena, José Afonso, Jürgen Habermas, Kevin Davies, Kurt Vonnegut Jr., Lêdo Ivo, Leonard Cohen, Luís de Camões, Luís Quintais, Marcel Proust, Marina Tzvietaieva, Mário Cesariny, Noam Chomsky, Ossip Mandelstam, Ray Brassier, Raymond Williams, Roland Barthes, Sá de Miranda, Safo, Sergei Yessinin, Shakespeare, Sofia M. B. Andresen, Ted Benton, Vitorino Nemésio, Vladimir Maiakovski, Wallace Stevens, Walter Benjamin, W.H. Auden, Wislawa Szymborska, Zbigniew Herbert, Zygmunt Bauman


Algum som & imagem:


Avec élégance

Crazy clown time

Danse infernale

Dark waters

Der himmel über berlin

Forever dolphin love

For Nam June Paik

Gridlocks

Happy ending

Lilac Wine

L'heure exquise

LoopLoop

Materials

Megalomania

Metachaos

Nascent

Orphée

Sailing days

Soliloquy about...

Solipsist

Sorry, I'm late

Submerged

Surface

Their Lullaby

The raw shark texts

Urban abstract

Unter