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[ sons, imagens e palavras nada recomendáveis, deveras pouco legíveis em telemóveis "inteligentes" ]
Yesterday? I stayed in out of the heat, washed dishes
Read a book
Remembered a cow
That as an ignorant boy with a board I walloped
For breaking into our yard
Eyes first puzzled then pissed off
Bellowing near my asparagus patch
Or was that later
After the big cedar fell and destroyed the fence
Or possibly when we mutinied, refusing to follow
Alexander farther into the subcontinent
Just wanting to go back to whatever inevitably temporary homes
With the baubles we'd collected and our blistered skins
Eat an entire sheep with a group of cousins
Maybe build a hut
Imperceptibly alter a grammar
Chase birds
Stand in the midst of barley
excerto de The Golden Age of Paraphernalia
- Kevin Davies, 2008
Ontem não, pois ontem estive com quem talvez goste um pouco de mim. Noutro dia mais aziago, talvez me surgissem palavras mais azedas sobre esse formidável conceito chamado “O Cu do Universo”, ou generalizando exemplos, talvez sobre Penafiel ou Felgueiras, Trofa ou Famalicão e tantas outras vilas e cidadezinhas, lugares do Minho mais interior, já não tanto, mas, ainda hoje na encruzilhada entre uma sã ruralidade e uma moral quase medieva (geografias mais francas que as demais?, chiça, querem enganar quem?!, os indígenas?, cada um a si próprio?!)
Por quase todos esses caminhos, uma paisagem devastada entre uns ares de arquitectura “moderna”, muito de “vacances”, e um assomo de industrialização pimba, vítima da ejaculação precoce de engenheiros "civis”, já menos plena de caciques e castas, que só a natural erosão do Tempo demonstrou não serem intocáveis. Não me levem a mal. Continuem a desenhar sapatos e baratas tamancas para gente loira que nunca vos deu, nem nunca vai dar, qualquer troco justo para a maior parte do vosso trabalho.
Seja, o parágrafo supra é do piorio. Serei amanhã mais claro? Soarei como um quasar, irradiarei bondade de um modo intergaláctico, sempre fátuo quanto uma supernova? Impossível dizê-lo, mas ontem não fui por aí. Ontem estive com quem talvez goste um pouco de mim, enquanto esta manhã, sem razão aparente, acordei meio tristonho. Assegura um dizer marialva que, se no lugar de uma pila tivesse eu uma pomba, bastaria uma visita ao cabeleireiro para alterar o feng shui do meu tempero emocional. Talvez pintasse berrantes madeixas nas almas mais desprevenidas contra o mau gosto.
Mas não, não possuo tal engenho, nem equivalente artefacto. Apenas uma única defesa: se acordar deprimido, costumo deixar que a depressão progrida até perto, mas não demasiado, de um abismo só meu; se acordar eufórico, ou perto disso, também costumo deixar as rédeas soltas, mas por dentro, esperando que a proximidade de tal risco me torne vizinho de qualquer evento cósmico minimamente criativo. Brincando um pouco, chamaria a tal condescendência “Uma Teoria das Cordas Bambas”.
Noutras vezes, porém, por mero capricho, talvez, o universo impede-me simplesmente de funcionar como quero, ou acho que devo, e impele-me unicamente a tentar ser minimamente feliz, utilizando truques manhosos: cruza-me com pessoas que ainda gostam de mim; outras que ainda sorriem de forma quase decerto autêntica; outras que me dizem verdades complexas de modos bem simples.
Ou, então, como nesta manhã, o universo interior (daimon para Harold Bloom, multiverso para outros astrofísicos) faz-me tropeçar na memória de um par de frases e, nesse entretanto, num pretexto para temporariamente mudar a cor de fundo deste meu sítio:
Escuridão não significa ausência de estrelas. É apenas lugar onde a matéria negra nos impede de ver o que brilha por detrás. (uma ideia luminosa em “As Variedades da Experiência Científica”, Carl Sagan, ed. póstuma, 2006)
Johnny Come Home, Fine Young Cannibals, 1989 (mais um anúncio perfeitamente desnecessário)
Post do umbigo. Mais um? Bolas, já não há pachorra! Enfim… Eis então que, ao fim de vinte um Verões, outros tantos Natais, quarenta e tal visitas de emigrante apressado, pela primeira vez surgiu a vontade de ficar. A sério que me apeteceu ficar, mas não pude. Não posso ainda. Sei exactamente o que isto me diz acerca de mim, de familiares e amigos de sempre, da minha cidadezinha natal, donde, há vinte e um anos, zarpei em mais uma demasiado óbvia fuga ao tédio, começando a trabalhar o mais tarde possível. Viajei o que pude, descartando memórias da maior parte dos sítios onde vivi. Foram tantos. Ao fim de um par de anos, logo após conhecer os cantos de tantas pessoas e casas, fui mudando paisagens só porque sim. Desconheço, com uma exactidão que evito, o que isso me diz acerca de Lisboa, de mim em Lisboa, entre algumas dúzias de gente decente que aqui fui conhecendo. Quisesse eu escavar mais fundo talvez descobrisse - não a essência de Lisboa, neste sufoco de aparências, que sendo vai sinónimo de um tédio maior, mas - que a fuga ao tédio talvez não seja o modo ideal de respirar. Talvez haja – tem de haver, é forçoso descobrir – valores mais dignos para sobreviver.
Indícios?, por demais
um tremendo cansaço
de coisas feias, e daí
sons, diversos traços
caracteres alguns
de um rasto só
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Outros que, no exacto antípoda dos anteriores, despertam o pior de mim:
Demasiados. Não cabem aqui. É tudo gente discursivamente feia. Acendendo a TV ou ouvindo quem fora dela reproduz agendas mediáticas, entre o vómito e o tédio a lista tornar-se-ia insuportavelmente longa.
Uma chave, mais um chavão? A cultura popular do início deste séc. XXI fede !
joseqcarvalho@sapo.pt
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