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por JQ, em 28.05.15

 Peter Sellers, John Cleese e Ringo Starr, em "The Magic Christian" (Joseph McGrath, 1969) 

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por JQ, em 28.05.15

When nations grow old the Arts grow cold and Commerce settles on every tree.

 

em "On Art And Artists", William Blake (1800)

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por JQ, em 26.05.15

 The B- 52's, 1986, Communicate (mas não demasiado, só quando tivermos algo de substante a dizer ao mundo)

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por JQ, em 26.05.15

Numa tarde menos preguiçosa, talvez esbanje mais algumas intimidades inúteis, fundamentando o meu cansaço, por volta dos 18-20 anos, com a chamada “ficção científica”. Hoje, no sufoco de uma dezena de graus acima do limite da minha céltica estabilidade emocional (15º-25º?), oh, como está difícil comunicar o que seja!, mas adiante.

 

Bom, o principal responsável pelo meu distanciamento da chamada “ficção científica” teve por nome Kurt Vonnegut, Jr. No final da adolescência, li quase tudo dele e sobre ele. Licenciado em Optometria, ou algo assim, não tinha um grande domínio da Palavra (a sério, era demasiado proisaico, faltou-lhe um capricho qualquer...). Denotava "apenas" uma imaginação imparável, uma fonte inesgotável de ideias. Em qualquer dos seus romances – por vezes, numa só página –, revelava mais visões e ficções do Passado, Presente ou Futuro, do que muitos laureados durante um romance inteiro.

 

Da maior parte delas servi-me para concluir, que tanto as suas – as dele, Kurt Vonnegut, Jr. – como as antevisões mais fabulosas da chamada “ficção científica” (Robert Heinlein e Ursula Le Guin, p.ex.), não passavam de reflexões, algo metafóricas, demasiado "moralistas", sobre a humanidade contemporânea de cada autor.

 

Sabem que mais/menos? O Presente, por tão obviamente fátuo, talvez não exista, talvez tenha desistido de ser, diante do peso, bem maior, do Passado e Futuro, sempre tão demasiado próximo na melhor/pior parte de quase todos nós. Filosofias, n'é? Esqueçámo-las, imolemo-nas na pira da nossa crescente desmemória.

 

Vonnegut, dizem, terá usufruído de um inesperado êxito entre alguma população universitária norte-americana, no final da década de 60 do século passado. Bem melhor do que outros (Arthur C. Clarke, Isaac Asimov, p.ex.), tão mais "científicos” e tão mais pobres a desenhar futuros, Vonnegut, sobretudo entre as décadas de 50 e 80 do séc. XX, através do seu só aparente delírio imaginativo, descreveu como era difícil chegar ao Outro naquele tempo. 

 

Em "Galápagos" (1985), meio ironicamente, lamentava-se de o volume dos nossos cérebros ter aumentado demasiado, daí sendo previsíveis crescentes dificuldades na comunicação. Só mais um par de detalhes num post já demasiado longo:

 

Num dos seus romances mais conhecidos, “Slaughterhouse-Five“ (1969), refere um “seu” animal de estimação - um cão -, a quem teriam cortado a cauda e, que, “nessa ausência”, ficou incapacitado de demonstrar aos seus semelhantes se apreciava ou não a sua companhia. Ainda mais elucidativo, um excerto de “Breakfast of Champions” (1973):

 

Como tantas outras histórias de Trout, esta era sobre um falhanço trágico na comunicação. Eis a sinopse:

  1. Uma criatura chamada Zog chega à Terra num disco voador, com o intuito de revelar o modo de evitar a guerra e curar tumores;
  2. Zog provem de Margo, um planeta onde os nativos comunicam por intermédio de peidos e sapateado;
  3. Zog aterra à noite no Connecticut;
  4. Mal poisa, Zog vê uma casa a arder;
  5. Zog corre até à casa, soltando peidos e dançando sapateado, para avisar os moradores do perigo em que se encontravam;
  6. O chefe daquela família estoira a cabeça de Zog com um taco de golfe.

 

Bom, fosse lá o que fosse, que no ínicio pretendia dizer, no fundo, comunicar é isto, n'é? Quando dialogamos, 9 em cada 10 vezes, o que sobra, caraças? Pulgas,  carraças, cócegas, catares colectivos? Nunca pior, mas tampouco não me basta, a sério que não. Ainda pouco mais do que macacos, n'é? 

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por JQ, em 22.05.15

 

Everybody Knows (except you), The Divine Comedy, 1997

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por JQ, em 22.05.15

Um jovem furgão que pára do outro lado da rua

Os dizeres estampados na metálica chapa suja de branco

 

Amândio José & Vitória dos Santos, Lda.

- Tectos Falsos, Divisórias e Isolamentos

 

O casal que dele radiante sai e de mãos dadas ingressa

Num comércio por mim há muito abandonado

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por JQ, em 22.05.15

 

 I'm Throwing My Hands Around Paris, Morrissey, 2009

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por JQ, em 21.05.15

Antes de mais, é forçoso adiantar que Oscar Wilde, sempre na contramão (por natureza ou pose, não importa agora), em “O Declínio da Mentira” investe contra a predominância do real na literatura e na sociedade da 2ª metade do séc. XIX, defendendo, com dedos, pés e dentes, a sua dama: a Arte, a Invenção e seus derivados, para si (e para mim), únicas ferramentas capazes de suportar a quase sempre miserável Realidade…

 

Não me cabe duvidar de Wilde, nem das circunstâncias do Tempo em que viveu. Desdenhe-se, ou não, de snobes do género, pois, para alegrias futuras, ainda há, vai havendo, necessárias como sempre, utopias que dependem da imaginação de gente assumidamente na revessa seu “próprio” Tempo.

 

O que me levou a mais este desabafo inútil tem sobretudo a ver com algumas cabeçadas trocadas com os dias de hoje, em que muitos de nós já não sabem distinguir entre invenção e realidade, em que o papel dos objectos, por assim dizer artísticos, acaba por esfumar-se entre o caos informativo que nos cerca.

 

Esta ignóbil mecânica tem levado, um atrás do outro, a guettos em que inúmeros portadores de, passe a expressão, boa-vontade criativa se encontram actualmente. Chegados aí, até se afigura como natural limitar a comunicação, no caso a produção artística, apenas aos seus semelhantes, mas tal tendência, creio, só serve para perpetuar a triste concentração entre "os arames sociais cada vez mais farpados".

 

Exemplo: se o que digo ou escrevo atinge apenas 20-50-100 almas e pouco mais, deverei dirigir referências e significados apenas a tão reduzido número de almas, que, no imediato, me podem entender, ou devo facilitar o meu próprio discurso, tentando chegar a milhares/milhões de aparentemente idiotas? Excepto no curto prazo, nada haverá mais errado, e só quem ignore qualquer noção da História da Arte prosseguirá por esse beco sem saída.

 

Sabem que menos? Francamente, quero que a Arte e todos os que hoje a conjugam em maiúsculas vão ejacular bem longe, em seco como sempre (como poderiam doutro modo, se a lúbrica humidade da Natureza/História/Humanidade se marimbou quase sempre para os melhor intencionados?)

 

É certo que, apesar da impotência do meu/vosso verniz, continuo a desejar, no meio de tanta feiura, que alguém se dê ao trabalho de fabricar coisas belas, mas, pela saúde do vosso “caralho mais espiritual”, esqueçam de vez em quando esse marketing tão século 18, tão pimba no fundo:

 

«A Arte acima de tudo», «o papel providencial de l’artiste», «sim, porque somos uma casta acima da ralé». Céus, quanta náusea, quanto vómito de vós cansado, de tampouco da vossa voz resulta! Esse discurso tresanda ao ranço de um boião de gelatina Royal (alguém se ainda se lembra de tal marca?!). Algum dia se cansarão dessa atitude que não passa de marketing deveras fora de prazo?

 

Joseph Beuys, desta para pior, foi-se há dúzia e meia de anos, não sem antes debitar algo que é forçoso repetir: “Actualmente [a Arte] não tem nenhuma relação com a sociedade, e esta separação leva-nos a uma conclusão perigosa: que a cultura está estritamente ligada à lei, à produção, ao dinheiro, ao produto nacional, ao status de cada indivíduo dentro da sociedade. […] Necessito construir um mundo autenticamente diferente, onde a ideia de Arte tenha uma função especial, relacionada com a sociedade como algo colectivo."

 

Ok, chegado aqui, persistindo vai a certeza de que, numa vida já longe de ser curta, nunca defendi algo de mais in/útil.

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por JQ, em 19.05.15

 The Picture of Dorian Gray, por Thomas Beg, 2012 

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por JQ, em 19.05.15

Eu não tinha este rosto de hoje,

assim calmo, assim triste, assim magro,

nem estes olhos tão vazios,

nem o lábio amargo.

 

Eu não tinha estas mãos sem força,

tão paradas e frias e mortas;

eu não tinha este coração

que nem se mostra.

 

Eu não dei por esta mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil:

- Em que espelho ficou perdida

a minha face?

 

 

Retrato, Cecília Meireles, 1937

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por JQ, em 18.05.15

 Walking Wounded, Everyrhing But The Girl, 1996

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por JQ, em 18.05.15

Entre o imenso deserto/tanto lixo em redor, entre o que

Minimamente vale, entre o vapor e betão actuais quais

Os exactos sinais “mais” que revelam os elementos “disso”

Eu/nós?; eu=silêncio/tu=voz?; individuo vs. sociedade, etc.

                                                                                   

Esta ou tantas famílias - a minha, p.ex., que nunca funcionou

E talvez nunca vá funcionar, “Isso tudo” e algo mais “natural”

Mas, quantos somos/seremos os que, por defeito

Ainda funcionamos em colectivo? - Eu não, é óbvio!

 

Mas quantos sabemos o que vale essa pena mínima/máxima

À solidão inerente a tantos tão tristes? Quase nada vale agora, n’é?,

Bom, até quando perdurará a in/felicidade de sermos tão poucos?

Ei! Quem puder/souber tente interpor um relógio mais saudável nisto tudo

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Alguns riscos


Indícios?, por demais

um tremendo cansaço

de coisas feias, e daí

sons, diversos traços

caracteres alguns

de um rasto só


Algum tempo:


2017 Janeiro 2016 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro ; 2015 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro ; 2014 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro; 2013 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro; 2012 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho


Junho 2006/Junho 2012

(arquivos não acessíveis

via Google Chrome)


Algumas pessoas:


T ; José Carvalho da Costa, Francisco Q ; Alcino V, Vitor P ; José Carlos T, Fernando C, Eduardo F ; Paulo V, "Suf", Zé Manel, Miguel D, S, Isabel, Nancy ; Zé T, Marcelo, Faria, Eliana ; Isabel ; Ana C ; Paula, Carlos, Luís, Pedro, Sofia, Pli ; Miguel B ; professores Manuel João, Rogério, Fátima Marinho, Carlos Reis, Isabel Almeida, Paula Morão, Ivo Castro, Rita Veloso, Diana Almeida


Outros que, no exacto antípoda dos anteriores, despertam o pior de mim:


Demasiados. Não cabem aqui. É tudo gente discursivamente feia. Acendendo a TV ou ouvindo quem fora dela reproduz agendas mediáticas, entre o vómito e o tédio a lista tornar-se-ia insuportavelmente longa.


Uma chave, mais um chavão? A cultura popular do início deste séc. XXI fede !


joseqcarvalho@sapo.pt


Alguns nomes:


José Afonso ; 13th Floor Elevators, The Monks, The Sonics, The Doors, Jimi Hendrix, The Stooges, Velvet Underground, Love / Arthur Lee, Pink Floyd (1967-1972), Can, Soft Machine, King Crimson, Roxy Music; Nick Drake, Lou Reed, John Cale, Neil Young, Joni Mitchell, Led Zeppelin, Frank Zappa ; Lincoln Chase, Curtis Mayfield, Sly & The Family Stone ; The Clash, Joy Division, The Fall, Echo & The Bunnymen ; Ramones, Pere Ubu, Talking Heads, The Gun Club, Sonic Youth, Pixies, Radiohead, Tindersticks, Divine Comedy, Cornelius, Portishead, Beirut, Yo La Tengo, The Magnetic Fields, Smog / Bill Callahan, Lambchop, Califone, My Brightest Diamond, Tuneyards ; Arthur Russell, David Sylvian, Brian Eno, Scott Walker, Tom Zé, Nick Cave ; The Lounge Lizards / John Lurie, Blurt / Ted Milton, Bill Evans, Chet Baker, John Coltrane, Jimmy Smith ; Linton Kwesi Johnson, Lee "Scratch" Perry ; Jacques Brel, Tom Waits, Amália Rodrigues ; Nils Frahm, Peter Broderick, Greg Haines, Hauschka ; Franz Schubert, Franz Liszt, Eric Satie, Igor Stravinsky, György Ligeti ; Boris Berezovsky, Gina Bachauer, Ivo Pogorelich, Jascha Heifetz, David Oistrakh, Daniil Trifonov


Outros nomes:


Agustina Bessa Luís, Anna Akhmatova, António Franco Alexandre, Armando Silva Carvalho, Bob Dylan, Boris Vian, Carl Sagan, Cole Porter, Daniil Kharms, Evgeni Evtuchenko, Fernando Pessoa, George Steiner, Gonçalo M. Tavares, Guy Debord, Hans Magnus Enzensberger, Harold Bloom, Heiner Müller, João MIguel Fernandes Jorge, John Mateer, John McDowell, Jorge de Sena, José Afonso, Jürgen Habermas, Kevin Davies, Kurt Vonnegut Jr., Lêdo Ivo, Leonard Cohen, Luís de Camões, Luís Quintais, Marcel Proust, Marina Tzvietaieva, Mário Cesariny, Noam Chomsky, Ossip Mandelstam, Ray Brassier, Raymond Williams, Roland Barthes, Sá de Miranda, Safo, Sergei Yessinin, Shakespeare, Sofia M. B. Andresen, Ted Benton, Vitorino Nemésio, Vladimir Maiakovski, Wallace Stevens, Walter Benjamin, W.H. Auden, Wislawa Szymborska, Zbigniew Herbert, Zygmunt Bauman


Algum som & imagem:


Avec élégance

Crazy clown time

Danse infernale

Dark waters

Der himmel über berlin

Forever dolphin love

For Nam June Paik

Gridlocks

Happy ending

Lilac Wine

L'heure exquise

LoopLoop

Materials

Megalomania

Metachaos

Nascent

Orphée

Sailing days

Soliloquy about...

Solipsist

Sorry, I'm late

Submerged

Surface

Their Lullaby

The raw shark texts

Urban abstract

Unter