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Pois...

por JQ, em 26.08.15

 Rowan Atkinson & Hugh Laurie (sobre Shakespeare, mas não só)

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Leituras vacantes

por JQ, em 26.08.15

[1949] 11 de Janeiro

O cretino que ouviste esta noite («todos nós defendemos o nosso interesse, os partigiani [membros da Resistência italiana durante a “2ª Guerra Mundial”] idem, os idealistas são uns estupores, estou-me nas tintas para a morte e que amanhã estejamos todos bem instalados») és tu nos momentos de prudência. Se tivesses refutado esta atitude no passado (id est, agido) talvez agora não te encontrasses nesta situação (Leone). Tragédia. E, no entanto, daqui a cem anos acreditarás em ti. Não. Acreditarás no conformismo de então.

 

13 de Janeiro

Viver entre as pessoas é sentirmo-nos como folha ao vento. Daí vem a necessidade de isolamento, de fuga ao determinismo de todas aquelas bolhas de bilhar.

 

19 de Janeiro

Recensão de Cecchi, recensão de De Robertis, recensão de Cajumi. Consagrado pelos grandes mestres-de-cerimónia. Dizem-te: tens quarenta anos e venceste, és o melhor da tua geração, passarás à História, és bizarro e autêntico… Sonhavas com outra coisa aos vinte anos?

E depois? Não irei dizer: «é tudo e agora?» Sabia o que queria e sei o que vale, agora que o tenho. Não era apenas isto o que queria. Queria continuar, ir mais além, devorar mais uma geração, tornar-me eterno como uma colina. Portanto, nada de desilusões. Apenas uma confirmação. A partir de amanhã (a não ser que a saúde não o permita), continuamos imperturbáveis. Não direi que vou começar, porque nunca ninguém começa. Há sempre um passado, uma primeira vez também nisto. Amanhã vou atirar-me ao trabalho, como ontem. Mas que segurança de faro, que consciência de vontade e de destino! E se o valor estiver aqui e não nas obras?

 

28 de Janeiro

Continua o estado de vagueza, de busca incerta. Reabre-se o problema já muitas vezes abordado: não dás conta de viver porque procuras um novo tema, passas apalermado pelos dias e pelas coisas. Quando tiveres recomeçado a escrever, pensarás apenas em escrever. Em suma, quando é que vives? Tocas o fundo? Estás sempre absorto no trabalho. Chegarás à morte sem dar por isso. Eis porque a infância e a juventude são um viveiro eterno: nessa altura não tinhas um trabalho e olhavas a vida desinteressado. Eficácia do amor, da dor, das peripécias: interrompemos o trabalho, regressamos à adolescência, descobrimos a vida.

Porque é que o escritor não deve viver do seu trabalho de escritor? Porque então teria de fornecer uma determinada mercadoria. Deixa de ser livre perante si próprio. A todo o momento o escritor deve poder dizer: não, não escrevo isto. Isto é, ter outro ofício. Haverá coisa mais arriscada do que sustentar uma família à custa dos romances que escrevemos ou, de um modo geral, à custa da pena?

 

 

Cesare Pavese, "Il mestiere di vivere" (1ª edição italiana em 1952 / ed. portuguesa de 2004 / 1ª leitura fragmentária em 2008 / agora finalizada, chiça, em Agosto de 2015)

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"I'm gonna burn all the words and letters and cards that I ever wrote"

por JQ, em 20.08.15

[...] Well I spent too long

Just stuck on the shore

There's a man in my head

But he isn't me anymore

I'm gonna find me a ship

Stowaway on a boat

I'm gonna burn [...]

 

 Medicine Bow - The Waterboys, 1985

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“E, rolando, oiço o imenso / no Turismo sou pois o responsável”… enfim, perto disso ou por aí (bom, mais por aqui)

por JQ, em 20.08.15

Raso, limpo, raso,

Oca, verde, raso,

Plano, fulvo, raso,

Autos, fios, fotos.

(E o íntimo?

O pensado desdobra o seu relance tenso,

Os pneus quentes

Levam seu ar bombado à fúria entrópica

E, rolando, oiço o imenso).-

No Turismo sou pois o responsável

Fisicamente por umas tantas vidas

Só porque ligo à neura que as sinapses

Radiam em mensagens mal cumpridas.

 

 

Fúria Entrópica - Nemésio Vitorino, 10.5.1971

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"He's got no time to smell the flowers"

por JQ, em 20.08.15

perto-do-meu-mar_1.jpg

 perto-do-meu-mar_2.jpg

 Um par de selfies, Agosto 2015 + Green and pleasant land, Devine & Statton, 1990

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"Tudo isto na praia ocidental de agosto e bruma / um palpite de tédio excita as motoretas que se peidam", e assim por diante, "entre pinhais, rio e mar"

por JQ, em 20.08.15

Um leão numa rosa de cretone,

Eis o Anjo que tenho de saudar

Na pobre ratoeira de consumo que é esta praia antiga,

Uma palma de areia na mão vã do hominídeo,

Um penso de anémona na ferida flor de cianose,

Nossa angústia habituada – portuguesmente vil-tristeza, -

Nosso cansaço clássico, vitaminado a C.

Que maçada e que sono!

Lembrar-se a unha do pé que isto foi roxo e virgem

No pinho de Isabel, aragonesa breve

Que o marido plantou e enganou logo!

Uma corda de agulhas pendia ao pescoço da Rainha,

Burrinhos e ginetes despontavam raros do atalho;

Lá para dentro, mais tarde, num lenço de Alcobaça, Inês chorava:

 

Cismaram aqui os olhos grandes e doloridos de Mouzinho,

Sua alta audácia ao longe, flor de pólvora e teima,

Leve margarida de fogo inocente nas ventas de um cavalo

Que se está marimbando para Victoria Queen,

No arção bem suado o Cavaleiro das Mãos Limpas.

Tudo isto na praia ocidental de agosto e bruma!

Um palpite de tédio excita as motoretas que se peidam,

As barrigas ingénuas de tristes pais mal pagos,

O golfinho de nylon que guarda o cuzinho conjugal:

 

Tudo isto na careta do leão de cretone do meu quarto,

Enevoado lá fora, preocupado cá dentro, ainda mais dentro metabólico,

Veraneando a taxímetro na saudade das ilhas pelágicas,

Com a coroa asterídea dos meus oitos netos na cabeça

E – sobre tudo isto – velho e tolo de esperança:

Que não é sensato esperar do nada coisa alguma

Mas só de morte fiar puro perdão de Deus,

Entre pinhas reais e Afonso LV, Dinis II,

Com um búzio e uma vieira – or piango or canto – muito fina,

Por conta de Camões e um pouco de Petrarca,

Devendo aliás chorar muito mais do que canto

E calar a buzina!

 

                                           

Praia e Pinho - Nemésio Vitorino, 22.8.1971        

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Alguns riscos


Indícios?, por demais

um tremendo cansaço

de coisas feias, e daí

sons, diversos traços

caracteres alguns

de um rasto só


Algum tempo:


2017 Janeiro 2016 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro ; 2015 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro ; 2014 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro; 2013 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro; 2012 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho


Junho 2006/Junho 2012

(arquivos não acessíveis

via Google Chrome)


Algumas pessoas:


T ; José Carvalho da Costa, Francisco Q ; Alcino V, Vitor P ; José Carlos T, Fernando C, Eduardo F ; Paulo V, "Suf", Zé Manel, Miguel D, S, Isabel, Nancy ; Zé T, Marcelo, Faria, Eliana ; Isabel ; Ana C ; Paula, Carlos, Luís, Pedro, Sofia, Pli ; Miguel B ; professores Manuel João, Rogério, Fátima Marinho, Carlos Reis, Isabel Almeida, Paula Morão, Ivo Castro, Rita Veloso, Diana Almeida


Outros que, no exacto antípoda dos anteriores, despertam o pior de mim:


Demasiados. Não cabem aqui. É tudo gente discursivamente feia. Acendendo a TV ou ouvindo quem fora dela reproduz agendas mediáticas, entre o vómito e o tédio a lista tornar-se-ia insuportavelmente longa.


Uma chave, mais um chavão? A cultura popular do início deste séc. XXI fede !


joseqcarvalho@sapo.pt


Alguns nomes:


José Afonso ; 13th Floor Elevators, The Monks, The Sonics, The Doors, Jimi Hendrix, The Stooges, Velvet Underground, Love / Arthur Lee, Pink Floyd (1967-1972), Can, Soft Machine, King Crimson, Roxy Music; Nick Drake, Lou Reed, John Cale, Neil Young, Joni Mitchell, Led Zeppelin, Frank Zappa ; Lincoln Chase, Curtis Mayfield, Sly & The Family Stone ; The Clash, Joy Division, The Fall, Echo & The Bunnymen ; Ramones, Pere Ubu, Talking Heads, The Gun Club, Sonic Youth, Pixies, Radiohead, Tindersticks, Divine Comedy, Cornelius, Portishead, Beirut, Yo La Tengo, The Magnetic Fields, Smog / Bill Callahan, Lambchop, Califone, My Brightest Diamond, Tuneyards ; Arthur Russell, David Sylvian, Brian Eno, Scott Walker, Tom Zé, Nick Cave ; The Lounge Lizards / John Lurie, Blurt / Ted Milton, Bill Evans, Chet Baker, John Coltrane, Jimmy Smith ; Linton Kwesi Johnson, Lee "Scratch" Perry ; Jacques Brel, Tom Waits, Amália Rodrigues ; Nils Frahm, Peter Broderick, Greg Haines, Hauschka ; Franz Schubert, Franz Liszt, Eric Satie, Igor Stravinsky, György Ligeti ; Boris Berezovsky, Gina Bachauer, Ivo Pogorelich, Jascha Heifetz, David Oistrakh, Daniil Trifonov


Outros nomes:


Agustina Bessa Luís, Anna Akhmatova, António Franco Alexandre, Armando Silva Carvalho, Bob Dylan, Boris Vian, Carl Sagan, Cole Porter, Daniil Kharms, Evgeni Evtuchenko, Fernando Pessoa, George Steiner, Gonçalo M. Tavares, Guy Debord, Hans Magnus Enzensberger, Harold Bloom, Heiner Müller, João MIguel Fernandes Jorge, John Mateer, John McDowell, Jorge de Sena, José Afonso, Jürgen Habermas, Kevin Davies, Kurt Vonnegut Jr., Lêdo Ivo, Leonard Cohen, Luís de Camões, Luís Quintais, Marcel Proust, Marina Tzvietaieva, Mário Cesariny, Noam Chomsky, Ossip Mandelstam, Ray Brassier, Raymond Williams, Roland Barthes, Sá de Miranda, Safo, Sergei Yessinin, Shakespeare, Sofia M. B. Andresen, Ted Benton, Vitorino Nemésio, Vladimir Maiakovski, Wallace Stevens, Walter Benjamin, W.H. Auden, Wislawa Szymborska, Zbigniew Herbert, Zygmunt Bauman


Algum som & imagem:


Avec élégance

Crazy clown time

Danse infernale

Dark waters

Der himmel über berlin

Forever dolphin love

For Nam June Paik

Gridlocks

Happy ending

Lilac Wine

L'heure exquise

LoopLoop

Materials

Megalomania

Metachaos

Nascent

Orphée

Sailing days

Soliloquy about...

Solipsist

Sorry, I'm late

Submerged

Surface

Their Lullaby

The raw shark texts

Urban abstract

Unter