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[ sons, imagens e palavras nada recomendáveis, deveras pouco legíveis em telemóveis "inteligentes" ]
Dentro de um iate, em doc televisivo
Pescavam um espadarte, sem ninguém
Ao certo reparar o quê nem o que além
Do desespero e da tenacidade visível
Dentro dele, espadarte, ainda livre corria
Alguns, no iate, alvitravam banalidades sobre
A inteligência naquele peixe, impossível
Entre a espada e o jeito de marear, diziam
Dele, por ser capaz de rondar o isco
Sem mordê-lo durante horas a fio
Como se ele, espadarte, tivesse adivinhado
Que de um iate, em tempos assim propícios
Apenas a tubarões e piranhas, além de sobras
E outras vermes amostras, nunca nada de mais
Nunca nada de bom adviria, também eu desconfio
Barry White + Donald Fagen + Prince + The Doobie Brothers + Parliament + Chic + Earth, Wind & Fire + Steely Dan + Funkadelic + Michael Jackson + Indeep + Sly & The Family Stone + KC & The Sunshine Band + Curtis Mayfield (é-me curioso reparar como, já então um pequeno snob em gestação, eu abominava uma boa metade destas músicas no seu "tempo" - décadas de 70 e 80 do século passado - e agora... a idade prega-me cada finta... receio, daqui a uns anos, acabar por apreciar algum do pop-rock, hip-hop e r&b actuais : )
Este Sábado nem sequer abri os estores. A metereologia dizia péssimo o tempo lá fora. Por uma vez, acreditei. Quis lá saber do que corre lá fora. Esbarrei numa dúzia de poemas de Vitorino Nemésio, bem esgalhados, há uns quarenta anos, no Brasil e no Canadá. Desisti. Faltava-me um pretexto, pois não devo contribuir para a aleatoriedade gratuita e caos informativo reinantes. Precisava criar qualquer espécie de sequência com os posts de baixo. Comecei a garatujar uma coisa sobre umas senhoras que faziam limpeza lá em casa, há uns quatro anos, quando os patifes anteriores nos roubaram quatro salários por ano. Não acabei. Apeteceu-me viajar de iate.
Atalho: eram mulheres bravíssimas. Fizeram-se à vida, após o fecho das fábricas, onde trabalhavam nos arredores de Lisboa,e montaram o seu pequeno negócio. A mim, desde miúdo avesso a detergentes e espanadores, das poucas vezes que assisti ao seu trabalho, assustou-me a fúria com que atacavam o nosso pó pequeno-burguês.
Mais curioso sempre me deixou a estética com que voltavam a arrumar os objectos “decorativos”. Dispunham-nos sempre, mas sempre, de forma geométrica, com algo no centro e o resto horrivelmente ordenado em redor. Essa opção, demasiado óbvia numa sociedade, num texto literário, num post, num filme, em fotos mais casuais ou num objecto mais artístico, sempre, mas sempre, inquinou a minha melhor atenção.
Assim de repente, uma “jardineira” comparação: quem já visitou Versalhes (ganda seca!) e outros jardins europeus, geralmente tão aborrecidamente simétricos, caso não seja demasiado vesgo das ideias, talvez tenha acabado por valorizar mais os fabulosos jardins japoneses, em que as criaturas vegetais acabam dispostas numa espécie de caos harmónico. Sim, um dos meus objectivos de vida…
Adiante. Não me apeteceu discorrer sobre caos nem tristeza. Aterrorizavam-me com a borrasca lá fora. Já não quero esse saber. Este Sábado, nem que dentro de casa, aconteceu-me o súbito desejo de viajar de iate, nem que numa lancha ou numa traineira, e driblar toda a tristeza em meu redor. Recordei meia dúzia de amigos distantes, meus verdadeiros "iates emocionais" com quem gostaria de passar uma tarde no mar, e seu gosto musical geralmente "mais positivo" do que o meu. Daí ter passado um par de horas a reunir (acima) uma sequência de músicas, à partida, capazes de proporcionar uma dança/navegação minimamente agradável.
Claro que, para a coisa não soar demasiado fácil nem embarcar no mediático menor denominador comum, intrometi meia dúzia de músicas do género um poucochinho mais elaboradas. Quando hoje se publica seja o que for, nunca se sabe exactamente quem está do outro lado. Já nem se espera que alguém possa apreciar algum tecido, o menor farrapo de uma ideia. Se, no dia seguinte, eu próprio encontrar nisso algum conforto, nunca pior.
Dizem que é Sábado e que está a chover. Entre música alegre, uma ideia final algo triste.
mulheres d (enhanced) - Fátima Rolo Duarte, 2013 ( + Mi Negrita - Devendra Banhart, 2013)
O que para mim é uma evidência de talento não me parece discutível. Não sei discutir, desinteresso-me, fecho-me, volto para o meu canto, saio deste canto para outros cantos mais interpelantes, com outras dúvidas. Pudor é uma palavra bela. Humildade também e note-se que de palavra nobre e digna passou a tinhosa. É cada vez mais necessário perceber de onde vêm as palavras e as línguas. A pior palavra do meu mundo é plúmbeo.
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O que mais me aborrece é a ideia de encontros culturais. Um susto. O que mais me entedia são as pessoas que conheço de longe, as do meio, as que têm opiniões. As que me são iguais. Excepto uma. Duas. O sonhador, a sonhadora é quem mais me interessa. Quem perde tempo, por exemplo, interessa-me. Quem é velho interessa-me. Quem, distraído, se deixa ver interessa-me. Por vezes, tenho o pudor de caçar as pessoas completas e corto-lhes a cabeça. Não há filosofia que resista ao que é mundano. Como se pensa entre as pessoas?
no Fworld
"If Music Presents: By The Sea... and Other Solitary Places" - Annabel Lee, 2015
Minha, não só minha, culpa. No post de baixo, ilustrei uma reflexão, talvez demasiado redutora, sobre a crescente decadência da música e cultura popular nas últimas décadas. Para tanto, bastou-me comparar a MTV de há quinze anos, onde ainda se podia cruzar olhares e tímpanos com algumas músicas divergentes da pop mais bestificante, com a MTV actual: um aterro de lixo, pleno de músicas de bosta e reality shows do piorio.
Como, por falta de noção do Todo, é recorrente acontecer-me, pouco depois, espeto-me sempre com o trombil na porta das minhas opiniões. No quase sempre interessante Open Culture, num artigo sobre a emissão inicial da MTV, encontrei uma listagem dos 10 primeiros vídeos/músicas que o canal emitiu em 1.8.1981. Céus! Ressalvando um par de excepções (The Who e The Pretenders), poderia igualmente descrever os restantes como “bosta” e “bestificantes”.
Daí que seria bem pouco kosher judiar com a música pop actual se não judiasse também comigo - isto como introdução à suspeita de que devo estar a sofrer de uma espécie de alzheimer musical. Traduzo: talvez devido ao cansaço de tanto lixo actual, que me tem induzido a não procurar/encontrar quase nada de novo/interessante nos últimos tempos, acaba por ser mais fácil valorizar músicas do meu passado e outras cada vez mais distantes da música popular. Contra mim falo:
Uma das criaturas mais bem-humoradas que já encontrei em Lisboa, comunista ortodoxo e coleccionador do Jornal “Avante!”, deixou-me ler um exemplar, salvo erro, de 1931. Dele mantenho uma vaga memória visual de um pequeno artigo de rodapé. Nele, sem poder recordar a sequência exacta do fraseado, o autor perorava contra a então novidade do Cinema, exortando a juventude a evitar os efeitos nefastos da Ilusão [sic].
Se, por si só, não fosse já divertida a linguagem política daquele tempo, plena de 2ªs pessoas do plural (“Jovens, vós que…”), o facto de se dirigir à geração do meu avó revela bem o histórico disparate, subjacente ao lugar-comum de os mais velhos julgarem os mais novos, e tudo o que vier a seguir, como mais incapaz, enfim, como sempre pior do que aquilo que ficou para trás. Uma atenuante? Sem esse atrito entre gerações, as seguintes raramente tentarão ir mais além e até poderão ser mais reaccionárias do que das anteriores. Adiante:
Boris Vian faleceu em 1959. Se ainda fosse vivo, talvez repetisse o que escreveu em «En Avant La Zizique»: haverá sempre botas-de-elástico que dirão “no nosso tempo isto era melhor”, esquecendo que “isto” apenas os designa a eles próprios. No “tempo deles” eram eles que tinham 20 anos. É evidente que estavam melhor, basta olhar para eles agora. Não podiam estar pior, isso não seria humano.
Rodapé:
Em termos de pop e rock nacionais, ainda consigo ouvir alguns actuais. Começando pelos “talvez mais conhecidos”: B Fachada (letras bem achadas e uma diversidade melódica, harmónica e rítmica longe do comum; um exemplo? “É pra Meninos”), Paus, Gala Drop, Noiserv, Sensible Soccers, peixe:avião. E, “talvez mais desconhecidos”, ainda hoje descobertos: Moloch e 10.000 Russos. Haverá, decerto, outros mais. O óbice crescente reside no triste facto de os meios de divulgação predominantes preferirem opções mais fáceis e eu, cada vez mais cansado, disso e por isso, cada vez mais snob, já quase nem busco pop-rock actual. Lamento.
Por que raio quase todos os cães soam frequentemente tão feio...
... e alguns gatos, presos na adoração dos próprios sapatos
ou de roupinhas bonitas, soam, quase sempre, demasiado totós?
Bom, talvez seja preferível utilizar retrovisores e tímpanos
fora de prazo, mesmo que diversos da cultura popular actual,
porque esse trilho há décadas só vai descendo, descendo vai:
I Wanna Be Your Dog - Iggy Pop, em 1999 (original de 1969) versus I Wanna Be Adored - The Stone Roses, de 1989, versus Don't Look Down - Martin Garrix & Usher, de 2015
Quando falo do tempo, é daquele que não é ainda
Quando falo de um lugar, é daquele que desapareceu
Quando falo de um homem, é daquele que já morreu
Quando falo do tempo, é daquele que já não existe
Jean Baudrillard, Janeiro de 2007, excerto de
«Pourquoi tout n’a-t-il pas déjà disparu?»
Para além da elegância, quase auto-consciente, do porte e no andar, do filme da sua indiferença, da independência de afectos (como quem diz: «posso gostar muito de ti, mas nunca serei teu escravo»), o que mais aprecio nos gatos é a lenda das 7 vidas, o costume de cair de pé, enfim, a quatro patas, quase sempre dignos (bom, excepto durante o cio, onde soam como figuras tristes de fugir :).
gif de autor desconhecido + Alley Cat (Frank Zappa & Captain Beefheart's Magic Band, em 1969)
“Não tenho motivos para viver”. É o segundo graffiti do género nas imediações da estação de metro das Laranjeiras. O outro rezava assim: “Só estou vivo por preguiça”. Apagaram-no, mas o que parece manter vivo o graffiter é isto mesmo, spray de tinta preta contra as paredes mortas da cidade. A toponímia engana, os dormitórios não existem apenas nos subúrbios. Na Estrada da Luz […]
António Caeiro, em "O Melancólico Grafitter das Laranjeiras"
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Um artigo curioso, talvez duvidoso, só para memória futura, sobre como académicos da Universidade de Princeton tentam demonstrar quão fácil é viciar programas informáticos que contam votos.
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ocasionalmente sou despertado / por um rebanho à porta de casa / olho para a grua lá longe e penso / como seria leve o abandono / se entre casas emparedadas / pudessem crescer ervas / onde um rebanho de ovelhas / pastasse tranquilamente / e um pastor brindasse com restos / de pão o seu fiel companheiro
A Grua (quinto andamento), de Henrique Fialho
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Uma teoria sobre estratégias das elites para se manterem no topo: “pagar a metade da classe trabalhadora para eliminar a outra metade”.
Jay Gould (corrector na Wall Street da 2ª metade do séc. XIX) citado em “Why There Will Be No New New Deal”, por Eric Alterman, em "The Nation"
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Podes comprar mil hectares de floresta / e mil hectares mais, / mas não podes comprar o declinar do sol / nem o sussurro do vento / nem a alegria ao voltar a casa / quando é florida a urze ao longo do carreiro / Não, nós possuímos as florestas / Tal como uma criança a sua mãe.
Hans Borli, em Âncoras e Nefelibatas
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Da brumosa manhã não se consegue dobar uma ideia. Como do exterior, o interior é vago, circunscrito e orientado para pequenas tarefas domésticas, mecânicas, que não exigem novos planos ou uma planificação mental excessiva. Só o ordenar das palavras, agora, obriga a alguma reflexão prévia, uma articulação de dados mais precisos, uma intuição de vocábulos a haver, um caminho para sair do nevoeiro. […]
APS, em “Osmose 60”, no Arpose
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Uma reflexão, de um crente para crentes, sobre a necessidade de ir mais além das três religiões abraâmicas, que até talvez um agnóstico poderia quase subscrever:
Se quisermos afirmar a dignidade de toda a vida humana, não deveríamos fazê-lo através da descendência de um antepassado comum, ou até por muitos de nós seguirem um patriarca religioso [Abraão]. Não, se o nosso deus for o Deus de todo o Cosmos, então teremos de continuar a afirmar que existe dignidade nos nossos ossos, porque as nossas vidas são sagradas, porque a nossa humanidade nos liga uns aos outros, e – para aqueles que utilizam uma terminologia religiosa – porque cada criança é filha de Deus (o que me leva a pensar naqueles que não acreditam em qualquer divindade!)
Omid Safi, em On Being
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Intervalo. Vou ao chinês comprar sacos de plástico.
no Fworld
You can't depend on your family
You can't depend on your friends
You can't depend on a beginning
You can't depend on an end
You can't depend on intelligence
Uh, you can't depend on God
You can only depend on one thing
You need a busload of faith to get by
[...]
You can't depend on the goodly hearted
The goodly hearted made lamp-shades and soap
You can't depend on the sacrament
No father, no holy ghost
You can't depend on any churches
Unless there's real estate that you want to buy
You can depend on a lot of things
But you'll need a busload of faith to get by
[...]
You can't depend on no miracle
You can't depend on the air
You can't depend on wise men
You can't find 'em 'cause they're not there
You can depend on cruelty
Crudity of thought and sound
You can depend on the worst always happening
But you’ll need a busload of faith to get by
Busload of Faith, Lou Reed (por volta de 1989, com um corte de cabelo deveras digno da pior dúvida, mas, enfim, conseguem pressentir alguma verdade nas palavras que ele dizendo foi?)
Omnívoro, como (em) quase tudo. Lamento, mas, a sério, ainda gosto de comer. Há uns milhares de anos, disseram-me para pulular e ainda hoje poluo e extermino outras espécies. Péssimo? Sou bem pior do que péssimo. Não passo de um predador com remorsos ocasionais. O meu corpo faz-me sentir apetites ferozmente específicos, talvez semelhantes aos das grávidas humanas.
Costuma dizer-me, em cores intensamente claras, quando precisa de carnes vermelhas ou mais pálidas, plantas verdes ou alaranjadas, crus ou cozidos, peixes não demasiados escuros e frutas desta ou daquela cor. Satisfeito o seu capricho, invade-me de morfinas endócrinas, adormecendo as minha piores noções de culpa .
Discretamente grato, oferece-me sestas a qualquer hora do dia e, sem artifícios da química farmacêutica, resistência a 99% das gripes e demais agressões bacterianas. Chego a ouvi-lo dizer que evite qualquer menu que contenha a palavra “gourmet”. Traduz-me esse horrendo adjectivo com “fome de estética”, “o fígado cor de cinza, que carregas no cimo dos ombros, até pode soar snob, mas o teu estômago não é”, “dá-me o que peço e raramente adoecerás”.
Talvez não haja fuga possível. Anteontem, no Metro de Lisboa, na ausência de lugar mais discreto, sentei-me vizinho a três jovenzitas. Por acaso, nenhuma delas conversava à distância. Apenas comparavam “êxitos” da noite de Carnaval. Y dizia: “ontem comi X, muito ingénuo, não sabia mexer-se, acho que perdeu a virgindade comigo”, Z dizia: ”eu comi W, ganda cromo, tempo perdido, não me vim nem uma vez”, A dizia “deitei-me com B e C, pilas moles, não consegui comer nenhum deles, suspeito que preferiam que eu não estivesse ali”. Chiça, deveria ter apanhado um táxi!
Mais do que os inumeráveis sítios e programas televisivos sobre gastronomia, o sobre-utilizado verbo «comer» coloriu-me a cara algures entre o vermelho embaraço e um lívido desconforto. Atenuante: dou de barato que os filhos e filhas da minha geração têm condições de ser sexualmente mais felizes do que os seus pais e avós. Ainda bem. Os pudores das gerações anteriores quase nunca resultaram saudáveis. O meu problema reside no abuso da ideia-palavra «comer». Contra esse conceito, contra mim e contra-mundo, articulo meia dúzia e meia de semi-disparates:
1. Já me deixei conduzir um par de vezes a restaurantes vegetarianos. Julguei que estava a comer palha.
2. T. convenceu-me, uma vez, a confeccionar uma feijoada com tofu no lugar das carnes. Juraria que comi borracha.
3. Sim, ainda como animais mortos por outros. Oh, tão hipócrita, se tivesse de matá-los, passaria fome e, no segundo seguinte, cairia redondo e inane num deserto, imaginando que todos os vegetais e até minerais possuem uma vida própria, a qual eu não tenho direito de tirar.
4. Se, por absurdo, antes de "Adão e Eva" me tivessem perguntado como deveria ser «o sexo ideal», acho que nunca desenharia um relacionamento físico em que as fontes de prazer ou reprodução fossem, simultaneamente, um sistema de esgotos, com a imensa quantidade de doenças possíveis nesse meio. Sim, juvenis e velhotes incautos, o embaraço dos preservativos tornar-se-ia desnecessário.
5. Em «Cocoon», filme bem mauzinho de 1985, há uma cena de sexo/amor entre um terrestre e uma alienígena deveras bonita. A penetração não foi exactamente física. Foi quase eléctrica. Uma belíssima troca de luz e calor entre dois corpos emissores-receptores, que, imagino, talvez só quem já injectou heroína (eu nunca me atrevi, lamento) terá algum dia pressentido.
6. Custa-me entender como alguma, sempre possível, entidade superior (omni-sciente-potente-presente), que ame quem criou, não tenha configurado outra forma mais bela e digna de prazer e reprodução.
7. Desta forma, quase tudo resulta quase feio. Perdoe-se-me a arrogância de quem ainda caminha a duas patas, polegares oponíveis e não sei mais o quê, mas ordenar um ou vários universos como pirâmides, meras cadeias alimentares, em que os de cima se alimentam dos de baixo e assim sucessivamente, soa-me como ideia bem pobre. A sério que soa.
8. Talvez esteja errado, lamento, talvez subesista por aqui algo mais profundo que ainda desconheço. Por mais que me esforce - a sério, entre os microscópios e telescópios passados, presentes e talvez futuros, pouco mais tenho feito -, permaneço distante de alguma noção do Todo.
9. Apesar de tanta dúvida e demasiados «nãos», creio que, à partida, qualquer ser merece mais do que um projecto bem triste, condenado ao fracasso, como ideal de vida.
Indícios?, por demais
um tremendo cansaço
de coisas feias, e daí
sons, diversos traços
caracteres alguns
de um rasto só
Algum tempo:
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Outros que, no exacto antípoda dos anteriores, despertam o pior de mim:
Demasiados. Não cabem aqui. É tudo gente discursivamente feia. Acendendo a TV ou ouvindo quem fora dela reproduz agendas mediáticas, entre o vómito e o tédio a lista tornar-se-ia insuportavelmente longa.
Uma chave, mais um chavão? A cultura popular do início deste séc. XXI fede !
joseqcarvalho@sapo.pt
José Afonso ; 13th Floor Elevators, The Monks, The Sonics, The Doors, Jimi Hendrix, The Stooges, Velvet Underground, Love / Arthur Lee, Pink Floyd (1967-1972), Can, Soft Machine, King Crimson, Roxy Music; Nick Drake, Lou Reed, John Cale, Neil Young, Joni Mitchell, Led Zeppelin, Frank Zappa ; Lincoln Chase, Curtis Mayfield, Sly & The Family Stone ; The Clash, Joy Division, The Fall, Echo & The Bunnymen ; Ramones, Pere Ubu, Talking Heads, The Gun Club, Sonic Youth, Pixies, Radiohead, Tindersticks, Divine Comedy, Cornelius, Portishead, Beirut, Yo La Tengo, The Magnetic Fields, Smog / Bill Callahan, Lambchop, Califone, My Brightest Diamond, Tuneyards ; Arthur Russell, David Sylvian, Brian Eno, Scott Walker, Tom Zé, Nick Cave ; The Lounge Lizards / John Lurie, Blurt / Ted Milton, Bill Evans, Chet Baker, John Coltrane, Jimmy Smith ; Linton Kwesi Johnson, Lee "Scratch" Perry ; Jacques Brel, Tom Waits, Amália Rodrigues ; Nils Frahm, Peter Broderick, Greg Haines, Hauschka ; Franz Schubert, Franz Liszt, Eric Satie, Igor Stravinsky, György Ligeti ; Boris Berezovsky, Gina Bachauer, Ivo Pogorelich, Jascha Heifetz, David Oistrakh, Daniil Trifonov
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