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[ sons, imagens e palavras nada recomendáveis, deveras pouco legíveis em telemóveis "inteligentes" ]
Completamente à solta, em ociosos pinchos pela selva da net, buscando apenas por “trees”, esbarrei em diversas versões e/ou transcrições do que J.R.R. Tolkien terá dirigido a C.S. Lewis, por volta de 1931, sobre imanência e transcendência, primitivo e moderno, justificando a sua preferência pelo animismo. O texto melhor escrito, creio, foi este. Segue-se (preguiça minha) o que dispensa, espero, qualquer tradução:
You look at trees and called them “trees,” and probably you do not think twice about the word. You call a star a “star,” and think nothing more of it. But you must remember that these words, “tree,” “star,” were (in their original forms) names given to these objects by people with very different views from yours. To you, a tree is simply a vegetable organism, and a star simply a ball of inanimate matter moving along a mathematical course. But the first men to talk of “trees” and “stars” saw things very differently. To them, the world was alive with mythological beings. They saw the stars as living silver, bursting into flame in answer to the eternal music. They saw the sky as a jeweled tent, and the earth as the womb whence all living things have come. To them, the whole of creation was “myth-woven and elf patterned”.
Vila do Conde, Agosto 2016 / Run through the jungle - versão dos Gun Club, em 1982, do original dos Creedence Clearwater Revival, de 1970
Dir-se-ia – cada uma destas etapas é da ordem da tentativa, do provisório – que está precisamente ausente da «criação» a penumbra do falso, do confeccionado inseparável da linguística e dos actos de linguagem da «invenção». As palavras «não inventes» endereçadas a uma criança, ou até a um adulto, querem dizer «não mintas, não contes tretas». «Não cries» seria, para todos os efeitos, uma injunção absurda. Num outro registo, todavia, como o do iconoclasmo, os interditos que se referem à «criação» poderão revelar-se fundamentais. Já citei o tabu relativo ao «fabrico de imagens» presentes no judaísmo e no islão. Criar imagens, nesta ordem de ideias, é «inventar», «romancear», ao serviço de uma realidade virtual, presenças reais que se situam para além da percepção humana ou dessa rivalidade (no seu furor de verdade, Hamlet recusa toda a «aparência»). Uma e outra vez, depararemos com o sentimento, dividido entre a exultação e a blasfémia, por parte do artista de ser um «contra-criador», de rivalizar com o fiat original, com o «que seja» do início. A falta de humor, tão vincada no retrato hebraico e cristão do Deus revelado, inscrever-se-á na seriedade da criação? A invenção é com frequência humorística. Surpreende quando a criação, no sentido do grego thaumazein, origem de toda a filosofia, nos assombra, nos espanta como o trovão ou o brilho das auroras boreais.
excerto de "Gramáticas da Criação" – George Steiner (2001)
Selfie - Vila do Conde, Agosto 2016 (guache + óleo fulo sobre papel de embrulho) + Frost and Fire - Everything but the Girl (1984)
[…]
I will show you
the underlying that takes no image to itself,
cannot be shown or said,
but weaves in and out of moons and bladderweeds,
is all and
beyond destruction
because created fully in no
particular form
[…]
excerto de Identity - A.R. Ammons
Já arranjei muito bem tudo quanto convém p'rá praia levar / O pente, o espelho, o baton e o creme muito bom p'ra me bronzear / Tenho o meu rádio portátil e o biquini encarnado também está no meu rol / E como é bom de ver não podia esquecer os meus óculos de sol // Que levo p'ra chorar, uuuuh, sem ninguém ver / P'ra não dar, uuuuh, a perceber / P'ra ocultar, uuuuh, o meu sofrer // [...] // Já pensei sair, mas onde hei-de ir com este calor? O que hei-de fazer? // Peço à tristeza um pouco de controlo e, pelo sim pelo não, vou ter sempre à mão os meus óculos de sol // Vou chorar, uuuuh / Vou sofrer, uuuuh / Vou chorar, uuuuh :)
Óculos de Sol, versão de Natércia Barreto, em 1968, para o original britânico Sunglasses
Indícios?, por demais
um tremendo cansaço
de coisas feias, e daí
sons, diversos traços
caracteres alguns
de um rasto só
Algum tempo:
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Outros que, no exacto antípoda dos anteriores, despertam o pior de mim:
Demasiados. Não cabem aqui. É tudo gente discursivamente feia. Acendendo a TV ou ouvindo quem fora dela reproduz agendas mediáticas, entre o vómito e o tédio a lista tornar-se-ia insuportavelmente longa.
Uma chave, mais um chavão? A cultura popular do início deste séc. XXI fede !
joseqcarvalho@sapo.pt
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