Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Histórias mal contadas

por JQ, em 24.05.17

Há já alguns anos, John Cleese, um dos meus heróis da adolescência, parodiava sobre o canal História, servindo-se do “H” do ícone como se fosse de “Hitler”, dada a omnipresença de documentários sobre a 2ª guerra mundial. Essa e outras coisas televisivas foram gradualmente piorando. Hoje em dia, vistos alguns programas sobre ovnis e divindades, que, afinal, “seriam” extraterrestres, é impossível saber se o mesmo “H” corresponde a Hediondo ou a Hilariante. Na dúvida, decido-me por Hiperbóreo. Justifico:

 

- Às vezes, sobretudo diante de argumentação demasiado básica, fico na dúvida se muita gente, decerto bem-intencionada, não terá substituído a crença em divindades por outra talvez pior (porque desprovida de um senso ético-científico) em seres de outros planetas;

- Calma lá nisso, digo-me, é tão possível a existência de divindades como de extraterrestres. Sim, esta Hipótese põe-me em sentido, pois nunca terei tempo para conhecer de forma bastante este universo, Horrendo de tão imenso.

 

Trata-se uma série de programas sobre, dizem os autores, “o astronauta antigo”, ou seja, sobre ET’s que terão influenciado o nosso passado. Para além de alguns cortes de cabelo, deveras, só por si duvidosos, os seus autores têm-se revelado mestres da falácia.

 

1º Intercalam os seus disparates do costume com brevíssimos depoimentos de académicos, que, de tão banais e descomprometidos, não confirmam nenhuma das teses dos autores, só para, por “empréstimo”, tentar conferir alguma veracidade científica ao que o programa tenta vender.

2º Povoam o seu discurso de “what if…” (“E se isto for verdade/possível?...”) e outras retóricas aparentemente interrogativas, para, logo após, tirarem conclusões pouquíssimo fundamentadas sobre os clichés do costume: as pirâmides do Egipto, Stonehenge, alguns milagres da Bíblia, o diabo a 7, perto do "infinito" nº 8. Adiante.

 

Quanto a mim, a falácia revela-se sobretudo na sua interpretação de linguagens, quando se pressente que a sua leitura incoerente só pretende servir uma conclusão apressada. Habilidosos de esquina, interpretam passagens de livros, sagrados para povos desde a Antiguidade, como metáforas. Um só exemplo: se, na Bíblia, Daniel relata uma viagem num tapete voador, claro que o tapete era um disco voador, etc. et al...

 

Mas, se algumas pinturas rupestres e esculturas arcaicas parecem descrever seres com cabeças enormes, aí a sua interpretação é bem mais literal: são ET’s, mais o camandro e escafandros e capacetes espaciais...

 

Parecem não entender que, há milhares de anos, na ausência de tanta informação cada vez mais invasiva, o lugar da imaginação era muito vasto do que agora. Sirvo-me de prova da própria nomenclatura dos astros, da imaginativa descrição de "milagres", da maior beleza, decrescente a partir do séc. XX, de quase todas palavras, de quase toda a poesia...

 

P.f., não nasci ontem… bom, talvez anteontem, já demasiado velho para engolir argumentos mal escritos

Autoria e outros dados (tags, etc)



Alguns riscos


Indícios?, por demais

um tremendo cansaço

de coisas feias, e daí

sons, diversos traços

caracteres alguns

de um rasto só


Algum tempo:


2017 Janeiro 2016 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro ; 2015 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro ; 2014 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro; 2013 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro; 2012 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho


Junho 2006/Junho 2012

(arquivos não acessíveis

via Google Chrome)


Algumas pessoas:


T ; José Carvalho da Costa, Francisco Q ; Alcino V, Vitor P ; José Carlos T, Fernando C, Eduardo F ; Paulo V, "Suf", Zé Manel, Miguel D, S, Isabel, Nancy ; Zé T, Marcelo, Faria, Eliana ; Isabel ; Ana C ; Paula, Carlos, Luís, Pedro, Sofia, Pli ; Miguel B ; professores Manuel João, Rogério, Fátima Marinho, Carlos Reis, Isabel Almeida, Paula Morão, Ivo Castro, Rita Veloso, Diana Almeida


Outros que, no exacto antípoda dos anteriores, despertam o pior de mim:


Demasiados. Não cabem aqui. É tudo gente discursivamente feia. Acendendo a TV ou ouvindo quem fora dela reproduz agendas mediáticas, entre o vómito e o tédio a lista tornar-se-ia insuportavelmente longa.


Uma chave, mais um chavão? A cultura popular do início deste séc. XXI fede !


joseqcarvalho@sapo.pt


Alguns nomes:


José Afonso ; 13th Floor Elevators, The Monks, The Sonics, The Doors, Jimi Hendrix, The Stooges, Velvet Underground, Love / Arthur Lee, Pink Floyd (1967-1972), Can, Soft Machine, King Crimson, Roxy Music; Nick Drake, Lou Reed, John Cale, Neil Young, Joni Mitchell, Led Zeppelin, Frank Zappa ; Lincoln Chase, Curtis Mayfield, Sly & The Family Stone ; The Clash, Joy Division, The Fall, Echo & The Bunnymen ; Ramones, Pere Ubu, Talking Heads, The Gun Club, Sonic Youth, Pixies, Radiohead, Tindersticks, Divine Comedy, Cornelius, Portishead, Beirut, Yo La Tengo, The Magnetic Fields, Smog / Bill Callahan, Lambchop, Califone, My Brightest Diamond, Tuneyards ; Arthur Russell, David Sylvian, Brian Eno, Scott Walker, Tom Zé, Nick Cave ; The Lounge Lizards / John Lurie, Blurt / Ted Milton, Bill Evans, Chet Baker, John Coltrane, Jimmy Smith ; Linton Kwesi Johnson, Lee "Scratch" Perry ; Jacques Brel, Tom Waits, Amália Rodrigues ; Nils Frahm, Peter Broderick, Greg Haines, Hauschka ; Franz Schubert, Franz Liszt, Eric Satie, Igor Stravinsky, György Ligeti ; Boris Berezovsky, Gina Bachauer, Ivo Pogorelich, Jascha Heifetz, David Oistrakh, Daniil Trifonov


Outros nomes:


Agustina Bessa Luís, Anna Akhmatova, António Franco Alexandre, Armando Silva Carvalho, Bob Dylan, Boris Vian, Carl Sagan, Cole Porter, Daniil Kharms, Evgeni Evtuchenko, Fernando Pessoa, George Steiner, Gonçalo M. Tavares, Guy Debord, Hans Magnus Enzensberger, Harold Bloom, Heiner Müller, João MIguel Fernandes Jorge, John Mateer, John McDowell, Jorge de Sena, José Afonso, Jürgen Habermas, Kevin Davies, Kurt Vonnegut Jr., Lêdo Ivo, Leonard Cohen, Luís de Camões, Luís Quintais, Marcel Proust, Marina Tzvietaieva, Mário Cesariny, Noam Chomsky, Ossip Mandelstam, Ray Brassier, Raymond Williams, Roland Barthes, Sá de Miranda, Safo, Sergei Yessinin, Shakespeare, Sofia M. B. Andresen, Ted Benton, Vitorino Nemésio, Vladimir Maiakovski, Wallace Stevens, Walter Benjamin, W.H. Auden, Wislawa Szymborska, Zbigniew Herbert, Zygmunt Bauman


Algum som & imagem:


Avec élégance

Crazy clown time

Danse infernale

Dark waters

Der himmel über berlin

Forever dolphin love

For Nam June Paik

Gridlocks

Happy ending

Lilac Wine

L'heure exquise

LoopLoop

Materials

Megalomania

Metachaos

Nascent

Orphée

Sailing days

Soliloquy about...

Solipsist

Sorry, I'm late

Submerged

Surface

Their Lullaby

The raw shark texts

Urban abstract

Unter