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Ler ou "desler" - amar? - comprar ou roubar?

por JQ, em 12.09.16

Há poucas horas, uma amiga deveras digna da minha melhor estima e admiração (muito provavelmente, o ser humano mais decente que encontrei em Lisboa...) caiu na asneira de me dizer que há dias leu de seguida vários anos (!) de posts deste berloque (hein?!, p.f., não faças mais isso:) e, no tom geral, achou algo entre o triste e o deprimente. Previsivelmente, recebeu de troco as minhas sobrancelhas em forma de “?!”, pois desentendi tal opinião. Nesse momento, recordei este comentário recebido há largos anos, já muito após ter encerrado o meu 2º blog:

 

deprimente.png

  

Bom, é impossível controlar o modo como os outros nos lêem (mau seria, tal coisa costuma acabar em auto-condescendência e males piores ainda), mas como raio alguém encontra tristeza na minha quase única alegria?, se sempre me condeno, quando, por vezes, tento aflorar uma piadola desprovida de Graça?, se até quando me sirvo de “ sinais – “, no raro momento em que o resultado me satisfaz só me falta com quem pinchar de alegria?, se literária e socialmente evito arautos da choraminguice?

 

Mau, só diante de repetidas provas em contrário, costumo pensar o pior seja de quem for. Não quero saber dos pecados nem da vida privada de ninguém. Arrepio-me quando alguém comigo partilha intimidades. Considero isto um dos meus piores defeitos: acho que me embutiram algures um chip qualquer que me impede de roubar seja o que for. O único objecto que recordo ter roubado foi uma pistola preta de plástico de um quiosque, por volta dos 7 anos. Nesse mesmo dia, aconteceram-me vários azares. Ainda não tinha lido Freud, mas pressenti que era a própria noção de culpa que me castigava. No dia seguinte, devolvi a pistola e nunca mais roubei nada a absolutamente ninguém. Não me considero um santo - tanto mais precisava para tão pouco . A minha verdade é que socialmente não passo de um chato do caraças. A sério que me considero digno do maior desinteresse colectivo. Daí que admire alguma marginalidade. Por exemplo:

 

Bukowski-Lamarr.png

 

Recordo uma vez ter entrado numa pequena livraria, mais uma infelizmente encerrada há vários anos, ali nos baixios do Príncipe Real, em Lisboa. Estando o proprietário ausente, a substituta residente (uma cantora bastante de uma banda medíocre), já depois de eu ter pago a meia dúzia de livrecos escolhidos, não parava de olhar para um envelope onde os tinha acondicionado. Não acredito em telepatias, mas quase sempre soube ler olhares, gestos e palavras. Foi para mim óbvio que a bonitíssima cantora desconfiava de que eu me preparava para levar mais do que teria pago. Por dentro, fiquei absolutamente fulo. Aparte folclórico? Ainda hoje carrego uma funda cicatriz na mão direita. Como e porquê? Com cinco anos, recebi umas inócuas palmadas por um pequeno crime doméstico que não tinha cometido; revoltado, corri pela casa fora e, com as mãos, desfiz em pedaços uma noção interna de injustiça e um par de portas de madeira e vidro.

 

Sim, fico podre quando me imaginam capaz de maldades, quando o único crime de que sou capaz reside na distância ou no silêncio. Sim, nunca me apeteceu, mas adorava poder assaltar livrarias sem remorsos. Uma ave rara, pelo que escreveu há uns anos, talvez não sofresse destes meus pruridos morais. Não sempre, mas, por vezes, o amor por pessoas ou, nessa ausência, por livros, talvez acabe por desaguar num excesso qualquer. Por exemplo:

 

Eu roubo livros. O que no início era uma aventura tornou-se um vício. Hoje sou profissional de roubar livros. Entra-se na livraria, começa-se a olhar os livros expostos, controlam-se as pessoas presentes (funcionários, estes especialmente, e clientes), escolhe-se um livro ou vários livros e sai-se da loja. É necessário passar o mais despercebido possível. Controlar os funcionários, mas pelo canto do olho. Mas eu estou de tal forma associado com o Mal que olho-os bem nos olhos e não me vêem. Sou invisível. Há duas livrarias (que são só uma) em Lisboa que são uma autêntica maravilha para o furto de livros. Entra-se, ninguém me vê, pego no(s) livro(s) e saio. Tudo numa questão de segundos e profissionalmente. Um espectáculo.

 

O furto de livros tornou-se-me uma doença. Eu gosto muito de livros, mais do que ler, apesar de ler bastante, todos os dias, e mais de um livro. Sempre fui viciado em colecções. Agora meti-me numa sem fim: a de ter todos os livros do mundo. Há épocas em que roubo livros todos os dias, e já cheguei a roubar, num dia, em três sítios diferentes. Há que se ser profissional... Já roubei uma vez numa loja com aqueles sistemas electrónicos à entrada que apitam quando algo não desmagnetizado passa por eles. Foi no Fórum de Almada, na Livraria Bertrand, em que consegui roubar um livro que pesa uns bons quilos: o «Dom Quixote», de Miguel de Cervantes, da editora Dom Quixote (a edição do ano passado que saiu em comemoração dos 500 anos da edição da 1ª parte da imensa obra do manchebo), com tradução de Miguel Serras Pereira. Andei às voltas pelo centro comercial. Fui duas vezes à casa de banho, até que me decidi arriscar. Entrei na loja, o livro estava logo na bancada da entrada, peguei nele e disparei. Sai e não tocou alarme algum. Eu devo ter posto os braços de tal forma que anularam o toque de alarme. É que trazia o livro entre as duas mãos (já disse que é enorme o bloco), como se trouxesse um bebé nas mãos. Assim com as mãos estendidas, mas com o livro entre os braços. Os braços anularam o efeito electrónico. Ou então, por ser precisamente electrónico, o alarme não estava a funcionar na altura. Deve ser mais esta a causa. A alarme falhou. E eu passei e fui apanhar o autocarro. Foi o meu maior furto. O magnífico. Um livro que custava 10 contos.

 

Nas Feiras do Livro de Lisboa roubo dezenas e dezenas de livros de cada vez que lá vou. Aí é escolher o que me agrada na bancada em causa (estão todas em causa) , dar uma olhadela nos feirantes e pegar no livro e metê-lo no saco. E é ir enchendo o saco... Todos os anos roubo 60-70 livros. É fácil. Há dois anos fiz uma razia no «stand» da Relógio d'Água e foi um fartote. Roubei tudo. Durante dias seguidos, o que ainda é mais amazing. Levo sempre três sacos da Caminho, daqueles azuis, e são extremamente pesados quando cheios. Quando está concluída a função, e é época sempre de calor, é suar que não é brincadeira. Ossos do ofício. Dá-me imenso prazer roubar os livros, é verdade, e chegar a casa e ver de o que o lote se compõe. É certo que o meu crítério é elevado e são livros que já conheço os que eu roubo, mas há sempre algumas «novidades». Ler os prefácios e introduções: uma maravilha.

 

Isto de roubar livros é da ordem da anormalidadde, apesar de sempre terem existido grandes ladrões de livros. De bibliotecas (que eram onde eles se encontavam, claro), sobretudo. Não é normal praticar o furto só para consumo próprio, sem que haja o fito do lucro. Eu não roubo para os vender depois. São para a minha biblioteca pessoal. As pessoas ficam espantadíssimas de me verem a roubar. É claro que já fui apanhado, e até levado à entrada de uma esquadra de polícia, da PSP. Quando sou apanhado, devolvo de imediato os livros e fico cheio de mal-estar no meu corpo. Já levei no tronco pesados estalos de um energúmeno que me apanhou e tratou de me tratar como se de um reles ladrãozeco se tratasse. O filho da puta tem agora a loja fechada. Faliu. Quem tem a alma associada com o Diabo só pode esperar tal de tão garboso aliado. Roubo para mim. Para meu desfrute, por que gosto muito de ler, e não tenho dinheiro para comprar todos os livros que cobiço. É muito simples. Mais complicado é protagonizar os actos de furto, claro. Por isso aconselho a quem queira entrar no universo do roubo de livros que o não faça, pois é perigoso e tem pouquísima recompensa, a não ser que seja tão louco por livros quanto eu.

 

Sempre roubei. Livros de banda-desenhada. Cassetes de audio. Pilhas Duracell. Essencialmente, livros de BD. Comprava um, e levava outros dois. Compensava. Aí metia-os entre os cadernos escolares. É preciso tem grande lata e sangue-fio para se roubar como se respira o ar. É assim comigo. É necessário controlar quem controla a loja. Essencial. Agora como tudo é magnetizado estamos mais fodidos. Numa livraria, a rapariga que me atendia virou costas e eu metia debaixo do sovaco esquerdo o livro «Gulag», do ano passado. Ou seja, um grosso volume. Era como se trouxesse comigo tal objecto. Ela ainda olhou desconfiada para o livro, mas não passou disso. É necessário grande desplante, que é o que eu mais tenho. E pouca consideração por nós próprios, claro, pois só rouba quem tem a auto-estima muito embaixo. Sou doente. Só não digo agora de quê.

 

Tenho centenas de livros roubados em casa. E assiná-los, com um «palmado». Em todos os livros faço uma espécie de ficha técnica: diga a data da compra ou do roubo, o valor, se é palmado, quanto seria se não fosse roubado, a livraria ou feira do livro, e a rua ou cidade. Assim sei sempre quando entrou para a minha biblioteca. Ter uma biblioteca pejada de livros roubados nãp me pesa minimamente na consciência: quando se ama algo não se olha a meios para atinguir os fins. É como o dinheiro: não tem cor. Nõo entram aqui valores, nem éticas (e o ladrão tem uma ética muito sua) nem questóes de conscìência: há que obter certo livro para poder ter a possiblidade de aceder a ele quando me aprover. É só isso. Deseja-se ler o livro, não interessa como se conseguiu o livro. Eu compro imensos livros nos alfarrabistas: os livros vêm cheios de anotações, e amarelos, e mal-cheirosos, e isso não me aflinge minimamente. Eu sei que tenho o livro e que há a possibilidade de a qualquer momento pegar nele e começar a lê-lo. É só isso. Eu antes de ser um ladrão de livros sou um leitor. Ávido. É essa a minha hierarquia ética.

 

Confesso que roubo muitos livros porque aconteceram coisas na minha vida que me revelaram a verdadeira face do humano, e esta é medonha. Por isso eu que é quero se fodam! Roubo por saber a natureza humana. De que é feita a essência do ser humano, de como é hedionda, abominável, desprezível por natureza, mesquinha, pequeníssima. Roubo por que senti na pele a repelência humana. De como somos ostracizados por sermos diferentes. Proscritos, transformados em animais acossados. A raiva de animais acossados é a que alimenta. Isto foi no início, agora é mera profissionalização.

 

Sobre isto há ainda algo a dizer (há tudo a dizer). É que o Mal faz-nos ser invisíveis. É como eu me sinto quando entro numa loja, pego no livro e saio, e a loja está vazia de clientes, só com os funcionários. É como se não existisse. O Mal faz-nos sermos intangíveis. Estamos cheios de Mal quando entramos numa livraria e nada nos pode atingir. Já me senti assim inúmeras vezes. É como se fossemos meros agentes de forças desconhecidas, não-humanas, puros de malificiência, intocáveis. A união, a osmose, com o Mal é um valor seguro para seres tão desesperados como eu. Há momentos de puro êxtase quando saímos da loja com um livro caríssimo e ninguém no mundo suspeita de tal. É a perfeição.

 

em Da 0rdem do Linchamento, um post sem grande capricho na escrita, "apenas corrido", mas que então, 3.5.2006, como agora relido, me deixou deveras impressionado

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De JQ a 12.09.2016 às 23:38

Bom, aqui ou num resumo de futebol, etc., convém nunca divergir do mais substante. Além das cores e o seu espectro im/possível (o que deveras mais me importa...:) talvez convenha realçar algumas frases do autor da citação acima. Entre o mais lúcido e o mais perturbado, a escolha não foi fácil. Creio que devo fixar o seguinte resumo:


Eu roubo livros. É necessário passar o mais despercebido possível. O furto de livros tornou-se-me uma doença. Eu gosto muito de livros, mais do que ler, apesar de ler bastante, todos os dias, e mais de um livro. Sempre fui viciado em colecções. Agora meti-me numa sem fim: a de ter todos os livros do mundo. Há épocas em que roubo livros todos os dias, e já cheguei a roubar, num dia, em três sítios diferentes. Dá-me imenso prazer roubar os livros, é verdade, e chegar a casa e ver de o que o lote se compõe. É certo que o meu crítério é elevado e são livros que já conheço os que eu roubo, mas há sempre algumas «novidades». Ler os prefácios e introduções: uma maravilha. Eu não roubo para os vender depois. São para a minha biblioteca pessoal. As pessoas ficam espantadíssimas de me verem a roubar. É claro que já fui apanhado, e até levado à entrada de uma esquadra de polícia, da PSP. Quando sou apanhado, devolvo de imediato os livros e fico cheio de mal-estar no meu corpo. Já levei no tronco pesados estalos de um energúmeno que me apanhou e tratou de me tratar como se de um reles ladrãozeco se tratasse. Roubo para mim. Para meu desfrute, por que gosto muito de ler, e não tenho dinheiro para comprar todos os livros que cobiço. É muito simples. Mais complicado é protagonizar os actos de furto, claro. Por isso aconselho a quem queira entrar no universo do roubo de livros que não o faça, pois é perigoso e tem pouquíssima recompensa, a não ser que seja tão louco por livros quanto eu. Tenho centenas de livros roubados em casa. Ter uma biblioteca pejada de livros roubados nãp me pesa minimamente na consciência: quando se ama algo não se olha a meios para atinguir os fins. É como o dinheiro: não tem cor. Nõo entram aqui valores, nem éticas (e o ladrão tem uma ética muito sua) nem questóes de conscìência: há que obter certo livro para poder ter a possiblidade de aceder a ele quando me aprover. É só isso. Deseja-se ler o livro, não interessa como se conseguiu o livro. Eu compro imensos livros nos alfarrabistas: os livros vêm cheios de anotações, e amarelos, e mal-cheirosos, e isso não me aflinge minimamente. Eu sei que tenho o livro e que há a possibilidade de a qualquer momento pegar nele e começar a lê-lo. É só isso. Eu, antes de ser um ladrão de livros, sou um leitor. Ávido. É essa a minha hierarquia ética. Confesso que roubo muitos livros porque aconteceram coisas na minha vida que me revelaram a verdadeira face do humano, e esta é medonha. É que o Mal faz-nos ser invisíveis. É como eu me sinto quando entro numa loja, pego no livro e saio, e a loja está vazia de clientes, só com os funcionários. É como se não existisse. O Mal faz-nos sermos intangíveis. Estamos cheios de Mal quando entramos numa livraria e nada nos pode atingir. Já me senti assim inúmeras vezes. É como se fossemos meros agentes de forças desconhecidas, não-humanas, puros de malificiência, intocáveis. A união, a osmose, com o Mal é um valor seguro para seres tão desesperados como eu. Há momentos de puro êxtase quando saímos da loja com um livro caríssimo e ninguém no mundo suspeita de tal. É a perfeição.


Ei, gente ainda mais distraída do que eu: sem certezas (pois não conheço o sujeito), acho que o autor destas linhas foi bem mais além do "exactamente doido", 
muito mais além do que eu algum dia poderia. Creio que ele adora, realmente, não só livros, mas, mais além, ideias e palavras em papel. EM PAPEL?! Ok, enorme pecado contemporâneo... Simpatizei, ainda simpatizo com ele. Receio, porém, algum final infeliz, sei lá eu, uma rendição à playstation...
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De Maria Árvore a 13.09.2016 às 18:10

O autor é apaixonante. Percebeu que os humanos se dedicam mais a magoar o Outro do que a revelar humanidade. E acantonou-se nas Humanidades dos livros, das palavras e das ideias, cuja imaginação é mais conforme com ser-se humano. Construiu um mundo à sua imagem e semelhança com a vantagem de não magoar ninguém e ainda o partilhar com os Outros.
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De JQ a 14.09.2016 às 17:30

De acordo, exceptuando  na parte "de não magoar ninguém" os donos das livrarias, que não merecem ser roubados
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De Maria Árvore a 14.09.2016 às 19:52

Não merecem, não!... Peço desculpa de me ter despido mais do que o suposto e mostrado que impulsivamente me preocupo mais com as pessoas e pouco com a propriedade privada.
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De JQ a 14.09.2016 às 21:12

Sua anarca dum raio! Desculpas não aceites (por momentos, apetecia-me esquecer como sou e assaltar, sei lá, a FNAC, e depois, sob a ameaça de um canivete suíço, obrigar-te a distribuir ainda mais gratuitamente centenas de exemplares da Margarida Rebelo Pinto ou do Nicholas Sparks por essa Lisboa fora:)

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