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[ sons, imagens e palavras nada recomendáveis, deveras pouco legíveis em telemóveis "inteligentes" ]
I know so many people who think they can do it alone
They isolate their heads and stay in their safety zones
Now what can you tell’em and what can you say
That won't make them defensive: hang on to your ego
Hang on, but I know that you're gonna lose the fight
They come on like they’re peaceful but inside they're so uptight
They trip through the day and waste all their thoughts at night
Now how can I say it and how can I come on
When I know I'm guilty, hang on to your ego
Hang on, but I know that you're gonna lose the fight [...]
Brian Wilson / The Beach Boys, 1966
Era venuta ne la mente mia
quella donna gentil che piange Amore,
entro ’n quel punto che lo suo valore
vi trasse a riguardar quel ch’eo facia.
Amor, che ne la mente la sentia,
s’era svegliato nel destrutto core,
e diceva a’ sospiri: "Andate fore";
per che ciascun dolente si partia.
Piangendo uscivan for de lo mio petto
con una voce che sovente mena
le lagrime dogliose a li occhi tristi.
Ma quei che n’uscian for com maggior pena,
venian dicendo: "Oi nobile intelletto,
oggi fa l’anno che nel ciel salisti".
Um soneto em "La Vita Nuova" (XXXIV, 8-11)
Dante Alighieri (1ª ed. em 1295 - soneto escrito
ca. 1291, um ano após a morte da sua Beatriz)
When the going gets though the tough get going, Billy Ocean, 1985
Mais uma razão para evitar o pop-rock mais fácil? Em 2006, criei uma conta no youtube, para fazer o upload (e posterior utilização no blog) de algumas músicas que ainda lá não existiam. Nenhuma delas era particularmente brilhante. Mais uma vez, apenas o seu título pareceu útil para ilustrar uma ideia qualquer.
Algumas delas nem cheguei a utilizar por serem demasiado “poppy”. Uma delas? “Time Isn’t Kind”, dos Fine Young Cannibals, mais uma banda dos absurdamente sobrestimados anos 80 do século passado: sim, mais um baterista metronómico, baixo e guitarrista com manifestos poucos dedos, mais um vocalista com um timbre deveras sui generis. O nome da canção, contudo, há milénios que, objectiva e/ou subjectivamente, o mais exacto sentido fazendo vai.
Já não o fazia há qu’anos, mas, recentemente, deu-me para visitar essa minha “conta”. Eis senão quando, para minha surpresa/desgosto, descubro que essa canção foi a mais vista/ouvida da dezena dos meus uploads: 20.000 visualizações! Na caixa de comentários até chegaram a trocar versos possíveis da letra (?!). Os seguintes foram o que mais se aproximaram da tal vocalização sui generis:
Got displaced so far from home / When I left, it was on my own / Had someone, she used to stay / But I was cruel and I drove her away // Time isn't kind / It'll let you down all the while / Time isn't kind / It leaves you so dissatisfied // Couldn't get along with people I've known / I changed my name / I changed my clothes / But do some math, well, if they don't have an issue… / Here I go down again // Lost my love, all my friends / No one's left, no more debts / I found out all I got is myself // Time isn’t kind […]
Ok, reconheço (como não?) que o sentimento de deslocalização será dos mais comuns hoje em dia, em que voar em low-cost, ou morrer afogado no Mediterrâneo, soa quase barato. Mas, musicalmente e não só, como não duvidar do gosto demasiado fácil das maiorias?
Em “Dialectic of Enlightenment” (1ª ed. 1944, revista em 1947), coisa que tive a sorte de ser obrigado a estudar na FLUL, Adorno e Horkheimer denunciaram uma espécie de pensamento único promovido pelas cinco maiores produtoras de cinema de Hollywwod daquele tempo.
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“Little did they know” é uma expressão recorrente no início de parágrafos de Kurt Vonnegut, Jr., o meu prosador favorito por volta dos 20 anos.
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Naturalmente, Adorno e Horkheimer, em 1944, não conseguiram imaginar o advento da tv por cabo, nem da internet, e ainda menos a monocórdica “diversidade” que, agora, a todos rodeia e a alguns, como eu, sufoca.
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Na minha infância e juventude, queixava-me frequentemente de que jornais e têvês, através de inúmeros velhotes definitivamente chatos, veiculavam sobretudo informação para adultos.
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“Little did I know” é uma expressão recorrente no início de parágrafos de Kurt Vonnegut, Jr., o meu prosador favorito por volta dos 20 anos.
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Ao entrar nesta cada vez mais provecta idade, queixo-me frequentemente de que a informação veiculada pelos media actuais, se não se destinam apenas à miudagem, soam como que se quisessem infantilizar gentes de todas as idades.
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“Tem cuidado com o que condenas. Frequentemente darás por ti a conceder-lhes quase toda a razão mais tarde”, tem sido um mandamento de um evangelho que só dentro de mim escrevi.
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É, sobretudo, gente da minha geração, mais e menos 10 anos, que actualmente ocupa os cargos de topo desse pântano difuso, pleno de ruído, entre a finança, a política e os media.
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Quase todos da minha geração, mais e menos 10 anos, cresceram no desejo de que a vida, em termos gerais, e a informação em particular, deveria ser mais divertida, mais irreverente...
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“Little did we know” é uma expressão recorrente no início de parágrafos de Kurt Vonnegut, Jr., o meu prosador favorito por volta dos 20 anos.
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Quantos de nós, da minha geração, mais e menos 10 anos, agora olham para o infotainment actualmente predominante, que quase todos fomos promovendo, como algo absolutamente bestificante, como causa subjacente ao crescimento do fosso entre ricos e pobres, entre os decentemente informados e os cada vez mais distraídos (sim, ignorantes!)?
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Um dia destes, num zapping televisivo, saltei de uma cena de “North By Northwest”, de Hitchcock, para aterrar numa série qualquer de polícias e ladrões do AXN ou da FOX, já não sei bem qual. Querem que vos conte um acaso revelador de quanto isto só vai piorando? Sei que não querem, mas, pura maldade, eu conto ainda assim…
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Na cena que abandonei em "North By Northwest" a câmara filmava o serpentear de um comboio na margem de um rio cavado entre montanhas. Na cena em que caí, nessa série televisiva de polícias e ladrões, a câmara filmava também o serpentear de um comboio na margem de um rio cavado entre montanhas.
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Nunca valorizei livros e filmes policiais. E, daí, também não Hitchcock. Sei bem que se servia de intrigas sobretudo policiais (confronte-se com a estética e argumentos dos “filmes negros” da RKO, no pós-2ª guerra mundial), para demonstrar a possibilidade do “Mal” em todos nós… Adiante.
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Foi para mim obsceno o contraste entre o enquadramento gráfico da cena de Hitchcock e o da série televisiva. No primeiro era notória uma preocupação estética (no rectângulo da tela era visível uma espécie de equilíbrio intencional entre a dimensão do comboio, do rio e das montanhas...)
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Na série televisiva, o enquadramento entre o comboio, o rio e as montanhas parecia quase tão javardo, tão casual como os selfies e 99% das imagens que pululam no facebook, no twitter ou no instagram.
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Há um par de Verões, disse-me um dos mais próximos amigos da minha adolescência: "Deixa-te de blogues e de poesias... ninguém quer saber disso... vem para o "face"... estamos todos "lá". Servindo-me da faceconta de T, fui "lá", só para concluir que, exceptuando um ou dois, quase ninguém nunca publicou quase nada que valha a pena apreender.
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Deixei um rugido no fundo deste blog: ”a cultura popular do início deste séc. XXI fede!”
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E de novo: quantos de nós, da minha geração, mais e menos 10 anos, agora olham para o infotainment actualmente predominante, que quase todos fomos promovendo, como algo absolutamente bestificante, como causa subjacente ao crescimento do fosso entre ricos e pobres, entre os decentemente informados e os cada vez mais distraídos (sim, ignorantes!)?
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“I rest my case” é uma expressão muito comum em séries policiais muito judiciosas, de crime e castigo, né?
It's time the tale were told
Of how you took a child
And you made him old
Reel Around The Fountain, The Smiths, 1983
Há quatro décadas ou isso, nessa bruma ainda presente em finais do séc. 20, Domingos José da Costa exibia um bigode algures entre Chaplin e Gable. Também mantinha uma mercearia na Rua do Lidador, em Vila do Conde, mais um chapéu e uma cara sofrida, que substituía por um sorriso esforçadamente gentil, para cumprimentar homens, mulheres e crianças de um tempo já não exactamente o seu. Terá vivido, creio bem, meia dúzia de décadas no séc. 19…
Morreu há poucos anos, dizem-me. Para distrair os vermes do seu túmulo, terá levado apenas consigo um par de séculos passados e o seu bigode. Há minutos, quatro décadas ou isso, alguns infantis escapuliram-se à missa das 12, enquanto, sempre fora de prazo, jogavam às escondidas numa floresta de gente emocionalmente peluda. Por volta das 13, quando se juntarem aos seus pais para o almoço dominical, vão ter de dizer o nome do padre. Uma delas – eu, por exemplo - a contragosto, irá dizer: «esta cara de bacalhau está uma delícia…»
Indícios?, por demais
um tremendo cansaço
de coisas feias, e daí
sons, diversos traços
caracteres alguns
de um rasto só
Algum tempo:
2017 Janeiro 2016 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro ; 2015 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro ; 2014 Dezembro Novembro Outubro
Setembro Agosto Julho
Junho
Maio Abril Março Fevereiro Janeiro; 2013 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro; 2012 Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho
(arquivos não acessíveis
via Google Chrome)
Algumas pessoas:
T ; José Carvalho da Costa, Francisco Q ; Alcino V, Vitor P ; José Carlos T, Fernando C, Eduardo F ; Paulo V, "Suf", Zé Manel, Miguel D, S, Isabel, Nancy ; Zé T, Marcelo, Faria, Eliana ; Isabel ; Ana C ; Paula, Carlos, Luís, Pedro, Sofia, Pli ; Miguel B ; professores Manuel João, Rogério, Fátima Marinho, Carlos Reis, Isabel Almeida, Paula Morão, Ivo Castro, Rita Veloso, Diana Almeida
Outros que, no exacto antípoda dos anteriores, despertam o pior de mim:
Demasiados. Não cabem aqui. É tudo gente discursivamente feia. Acendendo a TV ou ouvindo quem fora dela reproduz agendas mediáticas, entre o vómito e o tédio a lista tornar-se-ia insuportavelmente longa.
Uma chave, mais um chavão? A cultura popular do início deste séc. XXI fede !
joseqcarvalho@sapo.pt
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